1
Que tudo tem o seu tempo
Eu não posso discordar
As vezes nós temos pressa
Mas só por ignorar
Que sofremos consequência
Quando na adolescência
Não paramos pra pensar.
2
O certo é que precisamos
Ter uma orientação
Porém jovem não aceita
De pai de mãe o sermão
Por não querer escutar
Acaba enfim por pagar
O preço da transgressão.
3
Nós somos donas do mundo
No auge da mocidade
Audazes e corajosas
Com a força da pouca idade
Voamos sem ter noção
Sem consultar a razão
Pois é nossa a liberdade.
4
E é nessa ingenuidade
Ignorância talvez
Que inadvertidamente
Chegamos a gravidez
Onde a vida se complica
O corpo se modifica
Perdemos a solidez.
5
Uma gravidez precoce
Com certeza altera a vida
E quando a barriga cresce
Você se sente perdida
E nem sempre é apoiada
Achando-se desprezada
Chora então desiludida.
6
As vezes quem faz o filho
Não toma a paternidade
Muitas vezes por ser jovem
Sem responsabilidade
Faz um filho sem querer
Numa transa por prazer
Só pra matar a vontade.
7
Se não pensamos em nós
Imagine no inocente
Esse chegará ao mundo
Por uma ação imprudente
Qual será nossa esperança
Se apenas somos criança
Brincando de fazer gente.
8
A família estruturada
Resolve a situação
Acaba dando seu jeito
Achando uma solução
E mesmo contrariada
Começa nova jornada
E a filha oferece a mão.
9
Mas quem vive na pobreza
O que poderá fazer?
Vendo o dinheiro minguado
Vendo a família crescer
Sendo sobrecarregada
Gravidez indesejada
Faz muita gente sofrer.
10
E por falta de noção,
Comete-se desatino
Então escolhe abortar
Para mudar o destino
Morre a menina-mulher
Que faz em lugar qualquer
Um aborto clandestino.
11
E quando é pouca a idade
É bem menor a noção
Dos perigos que se corre
Vivendo uma relação
Prevenir-se, nem pensar
A pedida é se entregar
Inteiramente a paixão.
12
É bem claro que a mulher
Filhos sozinha não faz
Entretanto ao conceber
A cria no ventre traz
São nove meses de luta
Para encarar a labuta
A adolescente é capaz?
13
Se a gente pensasse bem
E tivesse consciência
Se não pulasse as etapas
E tivesse paciência
Usando de sensatez
Evitava a gravidez
Pra viver a adolescência.
14
hoje em dia penso assim
Porque falo no presente
Entretanto quando jovem
Pensava bem diferente
A minha vida mudou
Quando a gravidez chegou
No meu mundo adolescente.
15
Minha mãe sempre dizia
E eu custei acreditar
Quando a cabeça não pensa
O corpo é quem vai pagar
E a ela só dei razão
Quando me senti no chão
Tentando me levantar.
16
Eu que era dona do mundo
Perdi família e meu lar.
No colégio eu estudava
Lá não pude mais ficar
E não vi ninguém ter dó
No fundo eu fiquei foi só
Foi difícil encarar.
17
Meu pai me expulsou de casa
Era um pai conservador
Do filho que acabei tendo
Ele foi o protetor
Registrou na certidão
Como sendo meu irmão
Sem que eu pudesse me opor.
18
Menina do interior
Fiquei logo mal falada
No colégio o diretor
Proibiu a minha entrada
Ovelha negra eu era
Mau exemplo pra galera
Por todos fui detonada.
19
Sem jeito virei vidraça
E foi nessa ocasião
Que deixei minha cidade
Pois era grande a pressão
Ouvindo o povo dizer
Que eu iria me perder
Distante do meu sertão.
20
Vim pro Rio de Janeiro
Só pensando em trabalhar
Morei em vaga, em quarto,
Não cheguei fome passar
Porém não passava bem
Mas consegui ir além
Sem ter que me desgraçar.
21
Hoje já não precisamos
Repetir a situação
Nas mídias atualmente
Nós temos informação
Para nos orientar
Conseguimos dialogar
Com os pais sem restrição.
22
A tal liberdade agora
É maior que antigamente
O jovem tem seus direitos
E disso ele está ciente
Mas pra falar a verdade
Só ganha maturidade
Com tempo naturalmente.
23
Por isso digo e repito
Que é preciso orientar
O sexo na adolescência
Fica difícil evitar
E a responsabilidade
Independente de idade
Sempre se deve adotar.
24
Se eu soubesse o que hoje sei
Diria sem timidez
Que tudo tem o seu tempo
E que tudo tem sua vez
Diria com consciência
Primeiro a adolescência
Só depois a gravidez.