Dedé Monteiro glosando o mote:
A vida só tem sentido
Enquanto houver ilusão.
Entrei na maré do vício
Sem conhecer suas águas,
Tentando afogar as mágoas
Do meu cruel sacrifício.
Quis me arrepender no início,
Mas faltou disposição…
Fiquei procurando, em vão,
O que nem tinha perdido…
A vida só tem sentido
Enquanto houver ilusão.
* * *
Zé Adalberto glosando o mote:
A cultura é o manto da igualdade:
Não destrói, não exclui, nem discrimina.
A cultura é o símbolo mais perfeito
Da história das civilizações
Porque cria e preserva tradições
Com orgulho, emoção, dom e respeito
Coração maternal sem preconceito
Com escolha, etnia ou melanina
Não aceita influência nem propina
Mas aceita somar boa vontade
A cultura é o manto da igualdade:
Não destrói, não exclui, nem discrimina.
* * *
Roberta Clarissa Leite glosando o mote:
A porteira do sítio onde eu morava
Se fechou nas lembranças do passado.
São José do Egito no sertão
Um pedaço bonito da infância
As lembranças perdidas na distância
Das viagens ao sítio pés no chão
A lembrança transborda na visão
O olhar soluçante e embaçado
No ouvido o barulho som do gado
Que o chocalho pesado carregava
A porteira do sítio onde eu morava
Se fechou nas lembranças do passado.
Que saudade do pé de umbuzeiro
Guardião do meu sítio já vendido
No registro o seu nome é esquecido
Como um tronco nascido no oiteiro
Laranjeira que ainda sinto o cheiro
Que dos frutos o suco foi tirado
Resta hoje algum galho pendurado
No quintal da casinha onde eu brincava
A porteira do sítio onde eu morava
Se fechou nas lembranças do passado.
* * *
Hélio Leite glosando o mote:
Derramei o meu pranto de vaqueiro
No portal da fazenda abandonada.
Eu nasci nas quebradas do sertão,
Sobre o lombo de um potro me criei,
Com prazer minha vida dediquei
A cuidar do rebanho do patrão;
Campear sempre foi minha paixão…
Uma seca chegou inesperada,
Perdurou, acabou com a boiada,
Quase mata de sede o marmeleiro…
Derramei o meu pranto de vaqueiro
No portal da fazenda abandonada.
* * *
Otacílio Pires glosando o mote:
É ruim plantar esperança
Pra colher desilusão.
Uma profissão maldita
Vendedores de ilusão
Mentem, sempre, em profusão
Falas que a gente acredita
Haja conversa bonita
Problemas têm solução
Votamos de coração
Em gente sem confiança.
É ruim plantar esperança
Pra colher desilusão.
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Edmilton Torres glosando o mote:
Não sei se estou no começo
No meio ou fim da ladeira.
Sessenta e dois percorri
Nas estradas do destino
Eu não sou mais um menino
Mas ainda não morri
Se até hoje eu resisti
Sem cansar, nessa carreira
Vou manter a dianteira
Sem queda e sem tropeço
Não sei se estou no começo
No meio ou fim da ladeira.
Deus traçou a minha meta
Sem me dar conhecimento
Só revelou o talento
Que me deu, de ser poeta
A trajetória completa
Desta vida aventureira
Meu Deus a conhece inteira
Mas ainda eu não conheço
Não sei se estou no começo
No meio ou no fim da ladeira.
Cada passo na estrada
É incerto e inseguro
Os mistérios do futuro
Dificultam a caminhada
Há sempre uma encruzilhada
Um abismo, uma barreira
Ora chuva, ora poeira
Mesmo assim não esmoreço
Não sei se estou no começo
No meio ou no fim da ladeira.