Ocione Poeta glosando o mote:
Satanás quando não vem
Ele manda o secretário.
Gás sarin na estação
Atentado às torres gêmeas
Casamento entre fêmeas
De Dalila a traição
Caim que matou o irmão
Hitler vil e sanguinário
Propina em judiciário
Fuzilamento de alguém
Satanás quando não vem
Ele manda o secretário.
* * *
Zé Limeira glosando o mote
Escrevi o nome dela
Com o leve do azul do céu.
A minha poica maluca
Brigou com setenta burro,
Deu cento e noventa murro
Na cara de Zé de Duca.
Dei-lhe um bufete na nuca
Que derrubei seu chapéu…
Vai chegando São Miguel
Montado numa cadela…
Escrevi o nome dela
Com o leve do azul do céu.
Me chamo José Limeira,
Cantador do meu sertão,
O Sino de Salamão
Tocando na laranjeira,
Crepusco de fim-de-feira,
Museu de São Rafael,
O Juiz prendeu o réu,
Dispois fechou a cancela…
Escrevi o nome dela
Com o leve do azul do céu.
Quando Abel matou Caim
No Rio Grande do Sul,
Deu-lhe um quilo de beiju
Com as berada de capim.
Nisso chegou São Joaquim
Que já vinha do quartel
Cumode prendê Abel,
Dois pedaço de costela…
Escrevi o nome dela
Com o leve do azul do céu.
* * *
Severino Feitosa glosando o mote:
Eu querendo também faço
Igualzinho a Zé Limeira
Confúcio foi na Bahia
Pai-de-Santo e curandeiro
Anchieta era pedreiro
No farol de Alexandria
Hitler nasceu na Turquia
Vendia manga na feira
A Revolução Praieira
Degolou Torquato Tasso
Eu querendo também faço
Igualzinho a Zé Limeira.
* * *
Carlos Severiano Cavalcanti glosando o mote:
Devagar, como fogo de monturo,
a saudade invadiu meu coração.
Na fazenda, nasci e me criei,
peraltava e fazia escaramuça,
morcegava, no campo, a besta ruça,
jararaca até mesmo já matei.
Não me lembro da vez em que acordei
assombrado com tiros de trovão,
pinotava da rede para o chão
e saía correndo pelo escuro.
Devagar, como fogo de monturo,
a saudade invadiu meu coração.
* * *
Louro Branco e Zé Cardoso glosando o mote:
Não existe mais respeito
Nos namoros de hoje em dia.
Louro Branco:
Não existe mais respeito
Nos namoros de hoje em dia
Rapaz que tem companheira
Não leva Salve Rainha
Mas leva uma camisinha
Escondida na carteira
Tira a roupa da parceira
Mama chega o peito esfria
Chupa na língua macia
Como quem chupa confeito
Não existe mais respeito
Nos namoros de hoje em dia.
Zé Cardoso:
Vi um casal na calçada
Ela com ele abraçado
Ele na boca colado
Ela na língua enganchada
Uma velha admirada
Dizia: “Vixe Maria!”
E com tristeza dizia:
“Eu nunca fiz desse jeito”
Não existe mais respeito
Nos namoros de hoje em dia.
* * *
Davi Calisto Neto glosando o mote
Pra que tanta ganância e correria
Se ninguém veio aqui para ficar?
Se o final é normal pra que correr
E se morrer é ruim mais é comum
Se o caixão vai leva de um em um
Se o dinheiro não pode socorrer…
Eu só quero o bastante para comer
Para viver para vesti e pra calçar
Mesmo sendo pouquim se não faltar
Eu só quero esse tanto todo dia
Pra que tanta ganância e correria
Se ninguém veio aqui para ficar?
Todo homem podendo tem que ter
Moradia, saúde e alimento
Um pouquinho também de investimento
Que um dia ele pode adoecer
Necessita também de algum lazer
Para o corpo cansado descansar
Mais tem gente que pensa em enricar
Não descansa de noite nem de dia
Pra que tanta ganância e correria
Se ninguém veio aqui para ficar?
Pra que tanta ganância por poder
Exibir a fortuna adquirida
Se o que a gente ganhar durante a vida
É preciso deixa quando morrer
Se na cova não tem como caber
E no caixão ninguém tem como levar
Lá no céu não tem banco para guardar
O que o morto juntou quando vivia
Pra que tanta ganância e correria
Se ninguém veio aqui para ficar?
Sei que a vida da gente se encerra
E muita gente se esquece com certeza
E é por isso pensando na riqueza
Que alguns loucos estão fazendo guerra
O pior é que brigam pela terra
Para depois nela mesma se enterrar
Toda essa riqueza vai ficar
E só o corpo que vai para a terra fria
Pra que tanta ganância e correria
Se ninguém veio aqui para ficar?
Pra que tanta ganância e ambição
Se essa vida é bastante passageira
Tudo finda num monte de poeira
Na mortalha, na cova e no caixão
Ninguém pode pedir prorrogação
Quando o jogo da vida terminar
A não ser uma vela pra queimar
O destino é partir de mãos vazia
Pra que tanta ganância e correria
Se ninguém veio aqui para ficar?
A ganância infeliz desenfreada
Deixa o mundo sem paz e sem sossego
Pois tem gente com mais de um emprego
E muita gente morrendo sem ter nada
Mais a vida da gente é emprestada
E qualquer dia o seu dono vem buscar
Qualquer vida que a morte carregar
Ninguém pode tirar segunda via
Pra que tanta ganância e correria
Se ninguém veio aqui para ficar?