Sebastião da Silva e Geraldo Amâncio glosando o mote:
Se eu pudesse comprava a mocidade
Nem que fosse pagando a prestação
* * *
Pinto do Monteiro glosando o mote:
O cavalo do vaqueiro
Nas quebradas do sertão.
Quebra galho de aroeira,
De jurema e jiquiri,
Rasga beiço e calumbí,
Mororó e quixabeira.
Quebra-faca e catingueira,
Urtiga braba e pinhão;
Pau-serrote e pau-caixão,
Baraúna e marmeleiro,
O cavalo do vaqueiro
Nas quebradas do sertão.
* * *
José Vicente da Paraíba glosando o mote
São frios, são glaciais,
Os ventos da solidão.
Quando se sente saudade
Duma pessoa querida,
Dá-se um vazio na vida
E dói esta soledade…
Ninguém suporta a metade
Da dor do meu coração,
Lembrando o aceno de mão
Do amor que não voltou mais…
São frios, são glaciais.
Os ventos da solidão.
* * *
Zé Adalberto glosando o mote:
Pra que tanta riqueza se a pessoa
Nada leva daqui pra sepultura.
Pra que casa cercada por muralha
Se a cova é cercada pelo pranto
Se pra Deus todos têm do mesmo tanto
Tanto faz a fortuna ou a migalha
Pra que roupa de marca se mortalha
Não requer estilista na costura
E o cadáver que a veste não procura
Nem saber se a costura ficou boa
Pra que tanta riqueza se a pessoa
Nada leva daqui pra sepultura.
* * *
Chico Nunes glosando o mote
A saudade é companheira
De quem não tem companhia.
Vivo em eterna agonia
Sem saber o resultado
Deus já me deu o atestado
Pra eu baixar à terra fria.
Em volta só vejo o mal
Deste meio social,
E espero sozinho o dia
De minha hora derradeira.
A saudade é companheira
De quem não tem companhia.
* * *
Léo Medeiros glosando o mote:
O sertão se acorda mais bonito
Com o aboio saudoso do vaqueiro.
De manhã no sertão que eu fui criado
De três horas pras quatro, papai ia
Caminhando com rumo a vacaria
Pra tirar o leitinho do seu gado;
O bezerro ficava enchiqueirado
Esperando a saída do leiteiro
Quando solto corria bem ligeiro
Pra mamar eu um úbere tão bendito
O sertão se acorda mais bonito
Com o aboio saudoso do vaqueiro.
O vaqueiro sujeito encarregado
Dos trabalhos diários da fazenda
Sai pra lida pensando em sua prenda
Vai soltando aboio apaixonado;
De gibão e perneira bem montado
No cavalo cortando o tabuleiro
Enfrentando terreno traiçoeiro
Seu valor, ninguém soma tenho dito:
O sertão se acorda mais bonito
Com o aboio saudoso do vaqueiro.
* * *
Jó Patriota glosando o mote:
Na frieza da gruta o Deus Menino
Teve o bafo de um boi por cobertor.
Num recanto afastado de Belém
Fora onde uma Virgem Imaculada
Deu a luz à pessoa mais sagrada
Que se chamou de Cristo, O Sumo Bem…
Nessa noite Maria um prazer tem
De rezar o rosário com fervor
Contemplando seu fruto, O Redentor
Santo Corpo Sacrário Pequenino
Na frieza da gruta o Deus Menino
Teve o bafo de um boi por cobertor.
Foi assim que o rebento de Maria
No silêncio da simples manjedoura
Teve a mãe como santa defensora
E seu pai adotivo como guia
Nessa pobre e humilde hospedaria
Estalagem pequena sem valor
Entre pedra, capim, garrancho e flor,
Diferente de um prédio bizantino
Na frieza da gruta o Deus Menino
Teve o bafo de um boi por cobertor.