Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Pedro Fernando Malta - Repentes, Motes e Glosas sábado, 05 de setembro de 2020

GRANDES MESTRES DO REPENTE - 05.09.20

 

GRANDES MESTRES DO REPENTE

Dois ícones da cantoria nordestina de improviso: Lourival Batista, o Louro do Pajeú (1915-1992)

e Severino Pinto, o Pinto de Monteiro (1895-1990)

* * * 

Uma cantoria de Pinto do Monteiro e Lourival Batista

Pinto do Monteiro

É certo, meu camarada
O que você tá dizendo
Eu costumo andar assim
Sujo e cheio de remendo
Mas ninguém diz onde eu passo:
“Pinto ficou me devendo.”

Lourival Batista

De ninguém ando correndo
Pois não faço maus papéis
Não devo, o que compro pago
Desde o perfume aos anéis
Seja chapéu pra cabeça
Ou sapato para os pés.

Pinto do Monteiro

E os duzentos e dez
Que tu tomaste a Armando?
Por uns quatro ou cinco dias
O tempo foi se passando
Já faz quatro ou cinco meses
Ó ele ali esperando!

* * *

Uma cantoria de Sebastião da Silva e Moacir Laurentino:

Moacir Laurentino

No inverno estou feliz,
trabalhando o meu dia,
olhando o saguim na mata,
que saltita, canta e pia,
e o passa-sebo furando
a casca da melancia.

Sebastião da Silva

No calor do meio dia,
escutar uma peitica,
deitado em colchão de folha
debaixo da oiticica,
quanto mais o sol esquenta
mais bonito o sertão fica.

Moacir Laurentino

A água desce na bica
quando chove em fevereiro,
no terreiro o peru roda,
fuça um porco no aceiro,
e a água desce do corgo
com basculho pra o barreiro.

* * *

Uma cantoria de Silveira e Diniz Vitorino

Silveira

Tu não faz a metade do que faço
Quando eu pego um cantor se acaba o nome
Nesse dia os cães não passam fome
E urubus festejam no espaço
Deixo o corpo do pobre num bagaço
Exposto ao monturo seu despojo
Cantor fraco eu só mato de arrojo
E a folia se arrancha na ossada
Sai a alma gritando abandonada
E o diabo não quer porque tem nojo.

Diniz Vitorino

No momento que eu me aperreio
Com o peso esquisito do meu braço
Não existe prisão feita de aço
Que com o murro eu não parta pelo meio
No momento que acabo com o esteio
Que alguém pra fazer gasta um ano
Tiro telha, quebro ripa, envergo cano
De metal ou de aço bem maciço
Você morre e não faz este serviço
Só faz eu porque sou paraibano.

Silveira

Dei um murro na venta de um poeta
Que a cabeça rodou fez piruetas
E passando por todos os planetas
Foi parar no reinado de um profeta
Nisto um santo que viu ficou pateta
A cabeça do vate estava um facho
Uma alma gritou ô velho macho
E são pedro gritou o que é isso?
Disso um anjo que estava junto a cristo
É silveira zangado lá embaixo.

Diniz Vitorino

Eu ja fui no inferno urgentemente
E entrei numa poeta lá por trás
E peguei um irmão de satanás
E um primo, um irmão e um parente.
Pra mostrar que eu sou cabra valente
Dei um tapa no diabo carrancudo
E peguei outro diabo cabeludo
Dei-lhe tanto que o cabra ficou calvo
Se você morrer hoje já ta salvo
Que o que tinha de diabo eu matei tudo.

* * *

CANTORIAS E FOLGUEDOS NORDESTINOS

 

 

 


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