Jó Patriota
Mesmo sem beber um trago
Sinto que estou delirando
Tal qual um cisne vagando
Na superfície de um lago
Se não recebo um afago
Vai embora a alegria
A minha monotonia
Não há no mundo quem cante
Sou poeta delirante
Vivo a beber poesia!
* * *
Marcondes Tavares
Isso fez lembrar de nós
Morando na Mandassaia
Era pai ralando o milho
Mamãe dando o nó na paia
E eu sem nada fazer
Já chorando pra comer
Puxando na sua saia.
Um fogão movido a lenha
Onde mamãe cozinhava
Botava queijo ralado
Leite, nata e misturava
Mas quando mamãe servia
Nem os cachorros comia
Mas é porque num sobrava.
* * *
Pedro Rômulo Nunes
Este cacto verdejante
De muitos anos de idade
Serve de maternidade
Para qualquer avoante
Com este porte gigante
Acolhe bem sem tabu
Rolinha, xexéu e anu
Que vem pra fazer seu ninho
Recebe amor e carinho
Do pé de mandacaru.
Seus espinhos vigiando
Sempre alerta noite e dia
Ninguém tem a ousadia
De ficar atrapalhando
Só entra se for voando
Tem segurança de açu
Nem mesmo a surucucu
Querendo se alimentar
Não consegue aproximar
Do pé de mandacaru.
* * *
Marcondes Tavares
Bebi muita água de pote
Aparada na biqueira
Envolta um pano molhado
Num gancho”véi”de aroeira
Era muito mais gostosa
Que água de geladeira.
* * *
Geraldo Amâncio
Entre os dez mandamentos dos sermões,
Respeitar pai e mãe é o primeiro,
O defeito de um filho é ser grosseiro;
A virtude dos pais é serem bons.
Todo filho tem três obrigações:
Escutar, respeitar e obedecer;
Respeitar pai e mãe é um dever;
Esquecer mãe e pai é grosseria,
Se não fossem meus pais, eu não teria
O direito sagrado de viver.
* * *
Adelmo Aguiar
A chuva voltou molhando
Os punhos da minha rede
O tambor de doze latas
Sangrou no pé da parede
E as lágrimas da natureza
Cegaram os olhos da sede.