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Márcio de Carvalho posa diante de intervenção em Santa Teresa — Foto: Ana Branco
O artista gráfico Márcio de Carvalho já perdeu as contas da quantidade de vezes em que foi abordado por alguém, enquanto pintava uma palavra no meio-fio. Entre policiais e comerciantes, todos vão da curiosidade ao encantamento quando entendem do que se trata. “Outro dia, uma senhora que mora na rua, na Glória, chegou perto de mim e disse: ‘Você fica aí escrevendo e nunca faz nada no meu cantinho. Fui lá e pintei ‘compaixão’”, conta.
A rotina se repete desde meados do ano passado, quando o carioca, de 53 anos, começou a série pelas ruas do Catete, onde mora. A ideia, diz, surgiu espontaneamente, após realizar intervenções em que reorganizava e fotografava os diferentes objetos vendidos nas calçadas da região por aqueles que, em plena pandemia, não podiam ficar em casa. Nessa mesma época, escreveu poesias em cartazes de supermercados e fotografou pessoas segurando letreiros com preços. “Foi um ímpeto, uma emoção. Quis colocar poesia onde não tem”, comenta. “Quando escrevi ‘acalmar’, no Aterro do Flamengo, fiquei impressionado com a necessidade das pessoas por essa palavra.”
Conheça o trabalho de Márcio de Carvalho
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“Deserto” foi a primeira. Depois vieram inúmeras outras, num jogo que se irradia por bairros como Centro, Glória, Santa Teresa e Flamengo. Escritas com uma grafia simples e na cor branca (um contraponto à sujeira e ao caos urbano), as expressões aparecem soltas justamente para não induzir os passantes a uma única interpretação. “Uma palavra pode ter mil sentidos. Acho interessante ver como cabe um mundo inteiro dentro dela”, afirma o artista, que mostra suas criações pelo Instagram, no perfil @mar_do_vale.
Em cartaz atualmente na Bhering com a coletiva “Pequenos Formatos”, Márcio tem a mente em plena ebulição. Além das palavras, produz vídeos e imagens munido apenas de celular. Parte deles foram exibidos recentemente numa apresentação do projeto musical Eletrorama, no Galpão Dama, no Centro do Rio. “É muito bom que ele esteja ocupando a cidade dessa maneira”, comenta Adriana Lima, responsável pelo espaço. Ela, inclusive, já o chamou para fazer intervenções no próximo evento no local, uma festa em homenagem a São Jorge, no dia 22. “Ele está desabrochando com uma avalanche de coisas lindas. É um furacão colocando tudo para fora.”