Glosas do poeta Luiz Ferreira Lima, Liminha
Mote:
Duvido ter um vivente
Pra mentir mais do que eu…
Fui a Marte num segundo
Dei uma volta na terra
Parei a segunda guerra
Deletei Hitler do mundo
Dei uns tapas no Edmundo
Quando o pênalti ele perdeu
Encontrei o “Caduceu”
Dei para “Hermes” de presente
Duvido ter um vivente
Pra mentir mais do que eu…
Me aliei com Lampião
Larguei balas na Volante
Castiguei no mesmo instante
José Serra e Requião
Ganhei na sena o bolão
Comprei Roma e o Coliseu
Mergulhei no mar Egeu
Vi uma mulher-serpente
Duvido ter um vivente
Pra mentir mais do que eu…
O Aécio é um herói
Nunca roubou um real
Politico nunca fez mal
Uma dentada não dói
Fernando Collor dodói
Pois levaram o que era “seu”
Não existe fariseu
Fudendo a vida da gente
Duvido ter um vivente
Pra mentir mais do que eu…
Vim descobrir o Brasil
Com Cabral nas caravelas
Namorei as Manuelas
Na porta de um mercantil
Sônia Braga quando viu
O mundo todo tremeu
Liminha logo correu
Quase fica sem um dente
Duvido ter um vivente…
Pra mentir mais do que eu…
Viajei numa carona
Num cangote de um urubu
Cheguei em Caruaru
Dancei forró com Madonna
Fiz um clássico co’a sanfona
Fui gravar no Coliseu
Bebi vinho com “Morfeu”
Tirei gosto com serpente
Duvido ter um vivente.
Pra mentir mais do que eu.
Subi as muralhas da China
De carona num dragão
Fiz num dia um caminhão
Pra transportar gasolina
Vi uma onça felina
Mastigar um fariseu
Vi escriba e filisteu
Perder pra um Sansão somente
Duvido ter um vivente
Pra mentir mais do que eu…
Um dia eu dei um grito
Ficou negro o Ocidente
O rio deu uma enchente
Houve chuva de granito
Fiz de um bezerro um cabrito
Toda terra estremeceu
Toda fauna se escondeu
E eu gritei novamente
Duvido ter um vivente
Pra mentir mais do que eu…
Fiz de uma hora um segundo
De uma porta um portão
Da uma milha um milhão
De um poeta um vagabundo
De um rei um sapo imundo
De Julieta o Romeu
Do crente eu fiz um ateu
De um charlatão um vidente
Duvido ter um vivente
Pra mentir mais do que eu…
Me encontrei com Lampião
No “Raso da Catarina”
Apliquei nele a vacina
Contra covid e “sesão”
Eu vi o pássaro cancão
Cantando, “prenda o Tadeu”
Ensinei “solos” ao Pepeu
Tudo num dia somente
Duvido ter um vivente
Pra mentir mais do que eu…
Venci Pinto de Monteiro
E Louro do Pajeú
Na praça em Caruaru
Mostrei que sou o primeiro
Visitei o estrangeiro
Me encontrei com “Galileu”
Lhe ensinei e ele aprendeu
Fazer a “lupa” sem lente
Duvido ter um vivente
Pra mentir mais do que eu…