Raimundo Floriano
Gilberto Milfont
Este é um dos grandes ídolos que encantaram os Anos Dourados da Música Popular Brasileira e de minha juventude!
João Milfont Rodrigues, o Gilberto Milfont, cantor e compositor, nasceu em Lavras da Mangabeira (CE), no dia 7.11.1922. Nada se sabe a respeito de sua filiação e infância.
Cantou em público pela primeira vez os 14 anos, convidado por um tio para o programa Hora Infantil, na PRE-9, Rádio Clube de Fortaleza, onde trabalhou mais tarde domo Diretor Artístico.
Integrou também um conjunto regional com Zé Cavaquinho, o José Menezes, na época em que sua voz de adolescente se assemelhava muito à de Carmen Miranda. Na fase de mudança de voz, afastou-se da carreira por dois anos, retornando para cantar no mesmo programa em que estreara.
Naquele tempo, os discos lançados no Rio de Janeiro demoravam muito a chegar ao Ceará, e, para que seu repertório não ficasse ultrapassado, a conselho de um amigo, aprendeu taquigrafia. Assim, ouvindo emissoras cariocas, taquigrafava as letras, enquanto Mariinha, sua irmã gêmea, prestava atenção nas melodias. Com esse método, chegou a apresentar-se em primeira audição no Ceará, antes mesmo de sair a gravação de Orlando Silva, no Rio de Janeiro, o samba Atire a Primeira Pedra, de Ataulfo Alves e Mário Lago, muito cantado no Carnaval de 1944.
Transferiu-se para o Rio de Janeiro em 1945, estreando na Rádio Mayrink Veiga, ano em que levou ao Cassino da Urca o samba Esquece, de sua autoria, para Dick Farney ouvir, o que resultou na gravação por esse grande astro d MPB de todos os tempos.
Em 1946, Gilberto gravou, na RCA Victor, seu primeiro disco, com a regência do Mastro Gaó, contendo duas canções, ambas de Joubert de Carvalho, Jeremoabo e Maringá. No mesmo ano, lançou dois sambas de Pedro Caetano e Claudionor Cruz, Estão Vendo Aquela Mulher e Apelo, e, para o Carnaval de 1948, o samba de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira O Meu Prazer, seu primeiro sucesso.
Por intermédio de Luiz Gonzaga, fez um teste na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, em abril de 1948, sendo aprovado por unanimidade. Lá, estreou no Programa A Canção Romântica, convidado por Francisco Alves.
Para o Carnaval de 1950, lançou o samba Um Falso Amor, de Haroldo Lobo, Milton de Oliveira e Jorge Gonçalves, e, para o de 1951, o samba Pra Seu Governo, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, ambos consagrados pelos foliões.
Obteve grandes sucessos como cantor de meio de ano com os boleros Senhora e Que Será de Ti, versões de Lourival Faissal, além dos sambas-canções As Aparências Enganam, e Castigo, ambos de Lupicínio Rodrigues.
Entre suas composições de maior êxito, estão o samba Reverso, parceria com Marino Pinto, de 1950; Tudo Acabou, samba, em 1951; e o samba-canção Tudo Acabou, em 1952, estes em parceria com Milton de Oliveira.
Em 1954, transferiu-se para a Continental, lançando a toada Valei-me Nossa Senhora, de Paquito e Romeu Gentil, o foxe Amor Secreto, versão de Giusepe Ghiaroni. Gravou, ainda, a apedido da Direção da Continental, o Hino a Getúlio Vargas, de João de Barro.
Sua carreira como cantor vai até o ano de 1963, quando deixou de gravar, continuando, porém, a compor e trabalhando no Projeto Minerva, da Rádio Ministério da Educação, no Rio de Janeiro.
Na Década de 1970, participou do Projeto MPB - 100 ao Vivo, do qual resultaram oito LPs produzidos por Ricardo Cravo Albin, nos quais cantou oito músicas.
Nos Anos 1980, participou de LPs lançados pela Associação Atlética do Banco do Brasil, produzidos por José Silas Xavier, para resgatar memórias musicais valiosas.
Nos anos de 2000 e 2003, participou, com sucesso, do Baile Popular Carnavalesco na Cinelândia, Centro do Rio de Janeiro, onde apresentou músicas tradicionais de seu
Em 2011, foi lançada pelo selo Discobertas em convênio com o ICCA – Instituto Cultural Cravo Albin, a caixa 100 Anos de Música Popular Brasileira, na qual Gilberto Milfont interpreta várias canções que o fizeram um ídolo no coração do povo. A coleção contém 8 LPs, depois resgatada em 4 CDs duplos. Eis a capa de 4 dos LPs:
Essa coleção, além de 86 faixas gravadas por ele em 78 RPM, agora, remasterizadas, encontra-se à disposição dos aficionados no mercado virtual.
Em 1985, como dito acima, a FENABB – Federação Nacional de Associações Atléticas Banco do Brasil lançou um projeto que ficará para sempre na memória dos amantes da MPB. Trata-se de Velhos Sambas, Velhos Bambas, Volume 1, com 3 elepês, e Volume 2, este em 1989, com dois. Além de resgatar alguns intérpretes tradicionais, trouxe-nos, com grande orquestra e arranjos modernos, a fina flor do que ainda restava da Velha Guarda de nosso cancioneiro sambista: Roberto Silva, Ademilde Fonseca, Violeta Cavalcanti, Roberto Paiva, Zezé Gonzaga, Adoniran Barbosa, Adeilton Alves, Luiz Cláudio, Núbia Lafayette, e, como não poderia faltar, Gilberto Milfont.
Para mostrar um pouco de seu trabalho, escolhi estas preciosidades:
O Meu Prazer, samba de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, seu primeiro sucesso, lançado no Carnaval de 1948:
Senhora, bolero, versão de Lourival Faissal, retumbante êxito, lançado em 1952:
Pra Seu Governo, samba de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, lançado para o Carnaval de 1951, cantado até hoje pelos foliões e valorizado pelo arranjo onde predominam os metais:
Novo Amor, samba de Ismael Silva, composto em 1929, aqui valorizado com a nova roupagem que lhe deu a produção da FENABB:
Castigo, samba-canção de Lupicínio Rodrigues, composto em 1959, mais um resgate da FENABB: