Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo terça, 28 de março de 2023

GERASCOFOBIA: SAIBA MAIS SOBRE O MEDO EXAGERADO DE ENVELHECER QUE ATINGE OS JOVENS

 

Por Laís Rissato — São Paulo

 

Gerascofobia é o medo exacerbado de envelhecer
Gerascofobia é o medo exacerbado de envelhecer Shutterstock

Aos 29 anos, Amanda Mendes tem pressa. Gerente de um escritório de arquitetura, ela decretou uma verdadeira batalha contra o tempo, transformando-o em seu pior inimigo, e entendendo ser tarde demais para certas conquistas, como casar-se ou comprar um imóvel. “Já queria estar casada, ter um carro, um apartamento, ou pelo menos pagando por essas coisas, e não pensando em começar”, avisa. “Então, parece que estou atrasada. Me acho velha e pronto”, conta.

No espelho, as marcas no rosto também são motivo de ansiedade. “Já faço botox há um ano e meio. Com qualquer ruguinha, fico desesperada”, diz. A terapia, conta, tem servido para amenizar os efeitos emocionais de algo que é inevitável, o envelhecimento. De acordo com pesquisas divulgadas nos últimos anos, como a da Sociedade Real para a Saúde Pública do Reino Unido, feita em 2018, 40% dos entrevistados entre os 18 e 24 anos tinham visões negativas sobre a velhice. Outro estudo encomendado pela Pfizer em 2015 afirma que 90% da população brasileira tem medo de envelhecer. E esse medo tem nome: gerascofobia.

A estudante Renata Queiroz, de 35 anos — Foto: Arquivo pessoal

A estudante Renata Queiroz, de 35 anos — Foto: Arquivo pessoal

Muito desse pânico tem a ver com as redes sociais. “É um faz de conta, uma válvula de escape para burlar essa noção de temporalidade que chega para todos”, diz o pesquisador. Não à toa, a dependência dos filtros que melhoram a pele e a aparência atinge cerca de 84% dos jovens, de acordo com levantamento feito pela empresa Edelman Data & Intelligence em 2020. No aplicativo Tik Tok, o filtro “Como um adolescente”, que “revive” a aparência do usuário nessa fase da vida, já tem quase quatro milhões de vídeos.

Para as mulheres, os efeitos da passagem do tempo são, socialmente, mais cruéis, e os maiores exemplos vêm da indústria do entretenimento. Em 1986, ao fazer 40 anos, a atriz e cantora Cher, de 76, ouviu que era “velha demais e nada sexy” para integrar o elenco do filme “As Bruxas de Eastwick”. Aos 33 anos, em 2015, Anne Hathaway declarou em entrevista sentir estar perdendo papéis para atrizes na faixa dos 20. Desde que a cerimônia do Oscar foi criada, em 1929, só 30 atrizes com mais de 50 anos foram premiadas com a estatueta. Entre os homens, esse número dobra.

“O que é crítico nessa conversa é que a mulher é sempre velha para alguma coisa, seja para brincar de boneca ou fazer uma tatuagem. Estamos perenemente condenadas a um relógio que faz alusão ao biológico”, explica Iza Dezon, CEO da agência de previsão de tendências Dezon. Ela afirma que o nosso confronto com a imagem o tempo todo nas redes, selfies e videochamadas piora o problema. Pela primeira vez em muito tempo a estudante Renata Queiroz não comemorou seu aniversário. Ao completar 35 anos em fevereiro, teve uma sensação diferente. “Eu realmente não sabia se estava feliz. Minha família e meus amigos se espantaram por eu não querer a casa cheia. Amava fazer aniversário”, lamenta ela.

O consultor de investimentos Allysson Moraes — Foto: Arquivo pessoal

O consultor de investimentos Allysson Moraes — Foto: Arquivo pessoal

 

Se para as mulheres vale (quase) tudo para barrar a ação do tempo na pele, para os homens, questões como a solidão, o medo de morrer e a falta de perspectivas no mercado de trabalho parecem ser mais importantes. “A sociedade ocidental não está preparada para encarar a finitude. A tendência é a gente negar a morte”, fala o analista de dados Igor Carvalho, 39 anos. “Estou tentando não surtar (risos). A velhice é um conjunto de perdas. Pensar na possibilidade de não ter amparo em um momento em que precisamos de apoio é uma realidade difícil de encarar”, continua ele.

Mas o que fazer, já que é impossível parar o tempo? A psiquiatra e psicogeriatra Salma Ribeiz diz ser essencial exercitar a arte de viver no presente. “Cultivar amizades, ter disposição para aprender algo novo e ver as mudanças positivas, e não apenas negativas, que a passagem do tempo traz, como mais experiências, segurança e regulação emocional”, afirma. Para estudiosos do tema, a velhice deveria ser entendida como um ganho, afinal, é um privilégio envelhecer com dignidade em um país desigual como o Brasil, uma vez que nem todos têm esse direito. “Ir em busca de um propósito de vida também norteia e facilita a aceitação do envelhecimento”, finaliza Salma.


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