A história da casa, hoje já uma rede, começa com o piloto da Vasp Acir Rodrigues, um mineiro que de tanto voar para Belém acabou tomando gosto pela cozinha local. Voltava das viagens com a mala cheia de insumos que arrematava no mercado Ver-o-Peso da capital do Pará. Era a alegria da família e amigos. Daí, não precisou pensar muito quando se aposentou. A viagem agora seria por outros caminhos: achar um ponto para abrir uma casa de culinária amazônica. Achou uma loja simpática na Rua Dias Ferreira, no Leblon. E, assim, em 1955, nascia o Arataca. Da primeira, logo ganhou uma segunda no mesmo bairro. Depois veio a loja só de produtos em Copacabana, meio boteco. Um pouco mais adiante, o golaço do ex-piloto levou o Arataca para dentro da Cobal do Leblon. Estourou.
Nos anos 1980 e 1990, o simplório box do mercado acabou virando palco de encontros antológicos. No mesão montado em frente a loja, podiam ser vistos Tom Jobim, Hugo Carvana, João Ubaldo, Luis Fernando Veríssimo. “O meu avô vibrava com esses encontros, porque era a casa que ele sonhava em ter. E tendo do jeito que ele imaginou”, conta Lucas Muradas, 26 anos, que juntamente com o irmão Mateus, de 25, e mais o amigo de infância Mateus Soter, da mesma idade, acabaram de abrir o mais novo Arataca, o da João Lira, no Leblon. Em meados do ano passado, abriram na Lopes Quintas.
Das cozinhas sempre nas mão de cozinheiras paraenses, saem pratos como costela de tambaqui com arroz de jambu; moqueca de filhote com camarão, pato ao tucupi com arroz de jambu; e wagyu de carne de sol com mandioca. E casquinhas de caranguejo com farofa de santarém ou bolinhos de pirarucu de entradinhas são sucesso. Além dos potes do mais puro açaí que chegam fresquinhos. As frutas estão todas lá, em drinques, sucos e doces: graviola, bacuri, biribá, buriti, cupuaçu... “Os nossos fornecedores também estão na terceira geração. São as mesmas famílias que o meu avô trabalhava lá no começo de tudo”, conta Mateus, adiantando que se prepara para mais um voo, dessa vez para a Cobal do Humaitá.