Lado a lado, a escolha parece óbvia: hambúrguer vegetal é mais saudável que o preparado com carne animal. Por sua vez, o vegetal perde de longe em relação à quantidade de proteína. Mas será mesmo? A Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, a Proteste, derrubou inúmeros mitos ao testar seis marcas do alimento vegetal (feitos à base de soja, ervilha, arroz e lentilha) e comparar os resultados com os valores nutricionais do bovino. As surpresas ocorreram em praticamente todos os componentes, das taxas de gordura, proteína à fibra e calorias: eles são praticamente idênticos.
A começar pelas calorias: com fama de ser mais engordativo, o bovino tem 171 kcal, apenas 17 a mais que o vegetal.
Taveira explica que, nesses casos, os próprios fabricantes costumam utilizar diferentes proteínas vegetais no hambúrguer para fazer esse complemento, “igual arroz com feijão”. O hambúrguer de soja, por exemplo, tem carência da lisina, um aminoácido essencial, e, por isso, é misturado à proteína da ervilha. Juntas, apresentam todos os aminoácidos essenciais.
As combinações também valem no prato. Hambúrguer de ervilha, que não apresenta o aminoácido metionina, vai bem com semente de abóbora (na frigideira, ficam crocantes), soja, castanha do para e até arroz integral. No de soja, o ideal é combinar com feijão, lentilha e ervilha. Dessa forma, a pesquisadora observa que “o consumidor vegetariano ou vegano vai estar consumindo todos os aminoácidos essenciais que o organismo precisa.”
E se os componentes do hambúrguer vegetal em muito se assemelham ao bovino, não seria diferente em compostos como o sódio, por exemplo. A análise da Proteste mostrou que os lotes do alimento vegetal apresentaram 400 miligramas de sódio, enquanto, segundo a tabela nutricional, os de origem animal têm 580 mg. O mesmo vale para as gorduras totais, em que a diferença foi pouca: 10g no hambúrguer vegetal e 12 no bovino. Nenhum dos dois, porém, mostrou gorduras trans.
Entre as poucas diferenças entre os dois alimentos, estão as fibras, substâncias que contribuem para o bom funcionamento do intestino, o controle da glicemia e do colesterol e aumento da saciedade. Em um hambúrguer vegetal de 80 gramas, há 3 gramas de fibras. Os bovinos nem chegam a apresentar o composto.
— É de se esperar ter mais carboidrato e fibras porque o hambúrguer vegetal leva, claro, vegetais, cereais, como beterraba em pó, farinha de grão de bico. Isso tudo faz com que aumente o teor de fibras, favorecendo o controle dos níveis de açúcar, a diminuição do colesterol e a prevenção de doenças cardiovasculares, trazendo esse benefício no consumo, pontua.
Quanto à questão de aditivos, a pesquisadora explica que são encontrados em ambos os produtos. O bovino apresenta pelo menos 14, enquanto o de vegetais tem entre três e quatro. Todos esses aditivos são permitidos pela legislação, embora um produto mais próximo ao natural seja sempre a melhor escolha, os famosos “clean label”, ou rótulo livre, em português — rótulos com poucos ingredientes e sem nomes complicados.
Além da composição nutricional, a análise também realizou um teste mais amplo, que avaliou se o hambúrguer vegetal é seguro para o consumo, se tem bactérias ou fungos causadores de doença (e que podem levar ao câncer e à morte), e se apresentam metais pesados. Nesses sentidos, todos os lotes são de excelente qualidade, mas exigem conservação redobrada:
Afinal, qual é o melhor? A resposta para essa pergunta é “não há um melhor em relação a nutrientes”. A escolha certa depende dos princípios e estilo de vida individuais. A nutrição garante a qualidade de ambos.