- Nova York: uma chef de Manhattan aposta no interior do estado
- Hong Kong: comida de rua faz sucesso no melhor estilo bom, (nem tão) bonito e barato
- Paris: de restaurantes estrelados a exposições, as novidades para quem visita a cidade em 2022
Depois de pedir uma bandeja de frutos do mar, ele abriu uma lata dourada de caviar Regiis Ova, colocou uma colherada das ovas entre o polegar e o indicador, e começou a lambê-la, como o sal depois de uma dose de tequila.
— As pessoas costumavam se drogar. Agora, estamos tendo barato com a comida — disse Han, rindo, enquanto degustava o caviar.
O bump de caviar — em que um punhado de ovas é comido do dorso da mão — é agora a maneira insolente e malandra de consumir a iguaria cara em certos restaurantes, bares da moda, festivais de arte e outros encontros de destaque.
— Uma colecionadora de relógios veio me dizer ontem na Frieze que tinha visto um vídeo meu fazendo isso no Instagram e queria experimentar — contou Kristen Shirley, de 37 anos, fundadora do La Patiala, site de estilo de vida de luxo, mencionando a feira de arte em Nova York em maio.
Stephanie Bennaugh, 32 anos, faz um 'bump' de caviar no Temple Bar, no bairro de NoHo, em Nova York — Foto: Dolly Faibyshev/The New York Times
— Amo bumps de caviar porque você não precisa montar uma enorme tábua de queijo e crudités. Só precisa de uma lata e de uma colher — diz.
Como uma autoproclamada connoisseur de caviar, ela prefere o sabor assim:
— Se você colocar caviar em um blini ou na batata frita ou adicionar cebolinha ou cebola roxa, vai mascarar o sabor. Por que você comeria algo que custa US$ 200 a latinha para sentir gosto de cebola?
Ela pode estar certa. Segundo os especialistas em caviar, é assim que tradicionalmente eles provam as ovas.
— Quando você ia até os pescadores e experimentava cem latas diferentes de caviar para selecionar as que queria, era necessária uma maneira rápida de provar sem alterar o paladar — explicou Edward Panchernikov, diretor de operações do Caviar Russe, restaurante com estrela do "Guia Michelin" em Manhattan, especializado em caviar.
Outra frequentadora do Temple Bar, em Nova York, Kaslyn Bos, de 29 anos, experimenta a nova maneira de degustar caviar — Foto: Dolly Faibyshev/The New York Times
Embora este não ofereça bumps no menu, outros estabelecimentos veem isso como a nova maneira de vender a iguaria.
O Temple Bar, lounge retrô em NoHo, em Manhattan, adicionou os bumps de caviar ao menu (US$ 20) quando reabriu em outubro.
Samantha Casuga, a bartender-chefe do Temple, estima que vende cerca de dez por noite.
— O que acontece é que alguém diz: "Devemos pedir um bump de caviar?", e isso parece ousado. Então outras pessoas veem e querem também.
No Tokyo Record Bar, izakaya de 12 lugares no Greenwich Village, em Manhattan, os comensais podem pedir um bump de caviar com saquê por US$ 20, embora não esteja no cardápio.
— Como sempre temos uma tonelada de caviar, essa pareceu uma maneira divertida de oferecer uma boa experiência às pessoas — afirmou Ariel Arce, o proprietário, que também vende uma marca de caviar chamada CaviAIR. Ele acrescentou que a crescente popularidade dos bumps (e do caviar em geral) é o resultado de técnicas de cultivo aprimoradas, que tornaram a iguaria mais acessível. No passado, o caviar era considerado muito caro para ser servido tão casualmente.
Jason Rodriguez, 34 anos, é outro a entrar na onda do 'bump' de caviar no Temple Bar, em Nova York — Foto: Dolly Faibyshev/The New York Times
— O caviar selvagem é completamente inacessível, mas agora a China, os Países Baixos, a França, o Uruguai e os Estados Unidos dominam as práticas de produção, o que o tornou mais acessível.
— Na Fórmula 1 deste ano, ofereci um ao Diplo. Foi muito engraçado. Acho que foi a primeira vez que ele fez isso, e adorou. É bem social. É o que faço na cozinha para me relacionar com alguém, em vez de consumir álcool. Não posso fazer isso quando estou trabalhando.