Quando quis entrar no bar o garçom chato estava acabando de baixar a pesada porta. Ainda insisti, sedento que estava, mas ele é mesmo muito chato e disse um NÁO tão NÁO que eu fui parar no bar vizinho. Ainda bem que este estava aberto. Menos mal que todos os bares sejam iguais. Mudam os tira-gostos, a temperatura da cerveja amiga e o humor do garçom. Ainda bem que aquele garçom chato é exceção. Normalmente, os garçons são cúmplices, de tão solidários. E escutam nossas queixas, e enchem nossos copos, e até bebem conosco se a nossa solidão assim exigir. A palavra, antes engasgada na garganta, flui feito espumas ao vento, como dizia o Poeta. Basta haver quem as ouça. E a palavra solta alivia a dor, prepara o peito para mais um verso. Ou para outra saudade. Ou para a mais nova canção que está por brotar. Ou, ainda, na pior das hipóteses, para uma dose saideira, que nunca é a derradeira. Deus abençoe os Garçons. Principalmente os que não tem prazer em baixar a pesada porta do bar e que não aprenderam a dizer não.
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