Pássaros livres voam distâncias à procura de grãos pelo chão da terra também livre. Eles merecem esse voar feliz. Como as borboletas que um dia foram lagartas. Nada fazem ou fizeram, pássaros e borboletas, para entristecer as pessoas ou desonrar sua raça. Ao contrário, seus cantos e voos coloridos contribuem para enfeitar a vida no mundo. Os humanos, nem tanto: em uma gaiola, os passos do homem são barrados. Imóvel, ele apenas olha em volta sem nada a fazer, a não ser lamentar seu processo de impossibilidades. Água e alpiste é o que lhe resta de uma liberdade que se foi. Quisera, e alimenta o sonho de abrirem-se as portas da gaiola para que as lonjuras sejam voadas, que lhe voltem o perfume da França e a bebida da Escócia. Sem poeira, sem arames, sem freios. Só o vento, as asas e a senhora Liberdade. Ele, como os pássaros, não nasceu para Gaiola. Ele nasceu para ter a seu dispor a liberdade do voo. Mas nem sempre mereceu deixar de ser lagarta para virar borboleta.