Ídolo incontestável após os gols que deram uma Libertadores ao Flamengo após 38 anos, em 2019, e outra em 2022, Gabigol deixou de viver, desde o começo deste ano, a rotina de jogador intocável. E não soube lidar com a situação, segundo relatos do clube.
Reserva há nove partidas e há 12 sem marcar um gol — o último foi contra o Coritiba, no dia 20 de agosto —, o atacante viu sua má fase ter início com o técnico Dorival Júnior no ano passado e continuar com a chegada dos estrangeiros Vitor Pereira e Jorge Sampaoli. Com Tite, porém, não teve uma chance sequer como titular. A nova realidade se deu depois de, no fim de 2022, Gabigol receber a camisa 10 que já foi de Zico, e nutrir entre torcida e diretoria a expectativa de chegar a um novo status, com perspectiva de renovação contratual que o faria completar 10 anos de Flamengo. Agora, as tratativas estão congeladas.
Internamente, a avaliação é que Gabigol não reagiu bem ao peso colocado sob seus ombros, dentro e fora de campo, e passou a esboçar falta de confiança ao ser preterido. A realidade começou a mudar em 2023, quando o atacante se transformou de vez em reserva de Pedro. O esperado papel de liderança foi visto em raras oportunidades. No período desde o último gol, colecionou duas expulsões, contra Athletico e no clássico Fla-Flu do último sábado.
Nas últimas dez partidas, o atacante nem chutou a bola no gol.
O jogador reconhece internamente que está em uma fase ruim e sem confiança. Nos treinos, ele mantém comportamento competitivo, prejudicado por uma sobrecarga no músculo adutor das coxas que o obriga a fazer complementos em casa, com uma equipe particular. Em meio à queda livre de desempenho, o atacante viu outros concorrentes pedirem passagem com Tite, casos de Luiz Araújo e Everton Cebolinha. Pedro também correspondeu nos últimos jogos.
A impressão no Ninho do Urubu é que o camisa 10 não tem sabido como lidar com essa situação no Flamengo. Depois da expulsão contra o Fluminense, publicou questionamentos à CBF pelo cartão vermelho. A diretoria encampou o protesto, mas reconhece que o momento é ruim. A quatro jogos para o fim do Brasileiro, a esperança é que haja uma evolução física e que Gabigol consiga ser decisivo em algum momento, mais pela mística que carrega com a camisa do Flamengo ao longo dos últimos anos, do que pelo que tem apresentado quando é acionado nas partidas.
O próximo compromisso é contra o Bragantino, dia 23, após a data Fifa, e sem Gabigol, suspenso. Ontem, o time se reapresentou para os treinos, e Allan e David Luiz estão integrados após se recuperarem de lesão.