23 de maio de 2022 | 08h00
O Paris Saint-Germain venceu o Real Madrid na queda de braço para contar com Kylian Mbappé, mas o trabalho continua. A imprensa francesa aponta que a manutenção do astro será seguida por grandes mudanças nos bastidores. O diretor de futebol Leonardo vai deixar o clube, segundo o jornal L'Equipe. O dirigente brasileiro foi, junto ao presidente do PSG, Nasser Al-Khelaifi, alvo da ira da torcida nas últimas temporadas, apesar dos títulos nacionais.
Leonardo teve uma passagem como diretor do PSG entre 2011 e 2013 e depois retornou ao clube parisiense em 2019. A situação do brasileiro foi parte das discussões envolvendo a extensão contratual de Mbappé até 2025. O português Luis Campos, de 57 anos, é cotado para substituí-lo.
Campos foi responsável por contratações importantes no Monaco, entre 2013 e 2016, e tem boa relação com Mbappé. O perfil de reforços do dirigente português é de nomes fora dos principais holofotes nas janelas de transfrência, justamente o oposto do que o clube fez nos últimos dez anos. Com suas descobertas, o clube monegasco foi campeão francês em 2017 após sua saída para o Lille, que levantou o caneco na temporada seguinte. Campos foi responsável pela contratação dos atacantes Burak Yilmaz e Jonathan David e a dupla marcou 29 gols na campanha do título francês.
O meia argentino Angel Di María se despediu do PSG na última rodada do Francês e o clube deve ter mais mudanças no elenco. A atuação no mercado de transferências será tocada pelo próximo diretor de futebol, que terá total autonomia nas definições sobre contratações e dispensas.
Outros setores do clube também devem passar por grandes reformulações, o que pode ser considerado uma "revolução" interna, de acordo com a imprensa francesa. O técnico argentino Mauricio Pochettin pode ser outro a deixar Paris. Ele compõe a longa lista de treinadores do clube que conquistaram taças na França, mas fracassaram em ser campeões europeus com o clube.
O treinador francês Christophe Galtier, campeão com o Lille na temporada passada, e atualmente no Nice, é um dos nomes na lista para assumir o comando do time. Zinedine Zidane é outro técnico cogitado, mas aguarda a definição sobre o comando da seleção francesa após a Copa do Mundo. Zidane sonha em substituir Didier Deschamps, mas ainda não há definição sobre o futuro do treinador após o Mundial.
Aos 23 anos, Mbappé já colecionou 14 troféus, sendo o principal a Copa do Mundo de 2018. A única taça importante que falta ao currículo da estrela é justamente a Liga dos Campeões, grande objeto de desejo do PSG. Além disso, ao lado de Karim Benzema, com quem poderia atuar junto no Real Madrid, será uma das forças da favorita França para a Copa do Mundo do Catar, em novembro.
A temporada do craque francês foi excelente, apesar do trio composto com Neymar e Lionel Messi não embalar na principal competição europeia. Mbappé fez 48 gols e deu 26 assistências nas 52 vezes em que entrou em campo. Ele liderou o PSG em gols, assistências, dribles e finalizações no Campeonato Francês, segundo números do Footstats.
O Paris Saint-Germain se transformou em 2011 quando foi comprado pela Qatar Sports Investments (QSI), fundo de investimentos do emir do Catar, Tamim bin Hamad Al Thani. A aquisição foi definida por especialistas como um exemplo de sportswashing, ou seja, o uso estratégico e político do esporte para melhorar sua reputação no mundo, escondendo ações negativas de governos.
Com um orçamento turbinado por um Estado, o PSG virou da noite para o dia uma máquina, pelo menos, de movimentar dinheiro no mercado do futebol. Hoje, o clube está avaliado em US$ 2,5 bilhões segundo a revista Forbes, ocupando a nona posição no ranking. Com uma injeção de 1,3 bilhão de euros (ou R$ 7,3 bilhões, valores não corrigidos) em reforços desde 2011, o PSG assumiu o protagonismo no futebol francês enquanto busca entrar de vez no grupo dos principais times da Europa.