22 de novembro de 2021 | 05h00
Uma pergunta se segue ao empoderamento de Leila Pereira no Palmeiras, clube agora comandado pela primeira vez em sua história por uma presidenta. A dona da Crefisa foi eleita sábado para o cargo mais alto da instituição, será empossada dia 15 de dezembro e ficará no comando de uma das principais associações do futebol brasileiro e sul-americano até o fim de 2024. Mas como todos nós devemos olhar para Leila?
A resposta deveria ser simples, mas ainda não é. Um dia será. Estamos falando de uma mulher no comando de um dos segmentos mais machistas do Brasil, o futebol. Sua escolha, após votação, mesmo que candidata única, é um avanço para a sociedade, abre portas para quem vem atrás e amolece pensamentos duros, antiquados e retrógrados.
Ela construiu seu caminho pelo dinheiro, mas não somente por isso. Como patrocinadora do Palmeiras desde 2015, investiu pesado (perto de R$ 1 bilhão), divulgou suas empresas, se aproximou dos grupos dentro do clube e costurou sua candidatura tijolo por tijolo. Usou das vias legais e abertas para se lançar. Dobrou rivais e uniu desafetos. Portanto, Leila deve ser encara como uma pessoa destemida, paciente e boa gerenciadora.
No comando, não podemos olhá-la como sendo uma mulher. Isso tanto faz. Leila é a presidente. A comunidade palmeirense deve avaliar suas decisões, projetos e passos sempre de olho nos resultados para o associado, torcida e futebol.
Ela sabe que não poderá trabalhar apenas para uma dessas partes. Já está no clube tempo suficiente para entender que há muitos interesses no Palmeiras e terá de responder por todos eles. Quem nada, por exemplo, quer uma piscina mais adequada. O sócio almeja ser representado e ter seus familiares felizes dentro do clube. No futebol, o carro-chefe, ela já disse em palavras jogadas ao léu que o Palmeiras vai sempre ser forte. O que isso significa, o torcedor vai descobrir ao longo dos três anos de mandato. O dinheiro ajuda e o Palmeiras tem mais três temporadas de acordo com a Crefisa, firmados antes da eleição. Mas não pode ser somente isso.
É preciso olhar para Leila como uma pessoa que se propõe a trabalhar pelo Palmeiras, em todos os seus setores. Deixar o seu legado. Não sei se o futebol brasileiro está nesse estágio. Mas terá de aprender com ela.
Leila, como a Diniz, quebra barreiras. Outros clubes já tiveram presidentes mulheres, como o Flamengo, em 2010/12, com Patrícia Amorim. Então, é preciso olhar para Leila sem conceitos e preconceitos. E nada além disso.