|
|
Gabriel Jesus é um dos raros talentos que chegaram ao time mais badalado da multinacional |
Houve um tempo em que sonho de criança era jogar no time do coração. Depois, em clube de ponta da Europa. Agora, a moda é ter crachá de multinacional do futebol e estar sempre de malas prontas para prestar serviço na matriz ou em alguma filial da companhia pelo mundo afora. Assim funciona o badalado City Football Group — dono do Manchester City.
Adversário do Paris Saint-Germain no duelo de volta da Liga dos Campeões da Europa, hoje, às 16h, no Etihad Stadium, o clube inglês venceu o primeiro round, em Paris, por 2 x 1, na semana passada. Logo, a trupe de De Kevin De Bruyne pode até perder por 1 x 0 para avançar pela primeira vez à final do torneio. Neymar e Mbappé precisam liderar o triunfo por dois gols. Em caso de vitória por
2 x 1, a partida avançará à prorrogação. Persistindo, pênaltis.
Novo comprados dos “ pés de obra” brasileiros, o City Group é bancado pelo rico dinheirinho dos Emirados Árabes Unidos e tem um objetivo claro: ter jogadores jovens, na "fralda", desenvolvê-los em sucursais da América do Sul, Norte, Europa, Ásia ou Oceania, turbinar os fora de série no Manchester City e recuperar valores de investimento com a revenda de apostas que não se adaptam à firma. Poucos vão direto para a matriz, como o atacante Gabriel Jesus, por exemplo. Levantamento do Correio mostra que a multinacional investiu mais de 72 milhões de euros em diamantes da base dos times brasileiros. Jesus puxa a fila. O Palmeiras recebeu 32 milhões de euros na transação.
As aquisições do jovem Kayky, do Fluminense, por 10 milhões de euros, e do volante Abemly Meto Silu, o Metinho, por 5 milhões de euros, podem render ao Fluminense ao menos 15 milhões de euros (R$ 100 milhões). Há possibilidade, ainda, de o valor dobrar de acordo com variáveis baseadas em metas e eventuais negociações futuras.
Kayky e Metinho são apenas mais duas compras na lista do consumista City Group. Recentemente, eles também tiraram do Brasil campeões mundiais sub-17 pela Seleção Brasileira em 2019, como o lateral Yan Couto (Coritiba), contratado por 6 milhões de euros, e o volante Diego Rosa (Grêmio), contratado pelo mesmo valor.
O City Grupo ataca em várias frentes no Brasil. Tirou Douglas Luiz do Vasco por 12 milhões de euros. Pinçou no Flamengo os jovens Caio Roque por 1,5 milhão de euros e Vinicius Souza por 2,5 milhões de euros. Há contratações mais antigas feitas pelo projeto, como Rony Lopes (Sevilla), adquirido por 1 milhão de euros, e Thiago Andrade (New York City).
Filiais
O Manchester City é o clube mais visível do City Group, uma espécie de matriz. Nem sempre as jovens apostas partem rumo ao clube inglês. Há filiais espalhadas pelo mundo. Além do Manchester City, a multinacional é dona do Melbourne City (Austrália), Montevideo City (Uruguai), Lommel (Bélgica), New York City (EUA), Mumbai City (India), e tem participações em clubes como Girona (Espanha), Sichuan Jiniu (China), Yokohama Marinos (Japão), Troyes (França) e Bolivar (Bolívia).
Os jogadores passam por um processo de "engorda" em um desses times e de lá partem pra o Manchester City ou são vendidos a outros clubes de ponta. É o caso de Douglas Luiz. O volante revelado pelo Vasco foi comprado pelo Manchester City por 12 milhões de euros, emprestado ao Girona, que disputava a primeira divisão do Espanhol, retornou ao clube inglês e, no ano passado, saiu por 16,8 milhões de euros com o Aston Villa. O volante Diego Rosa, campeão mundial sub-17 com a Seleção em 2019, também defende o Lommel.
Joias da base do Flamengo, o lateral-esquerdo Caio Roque, 19 anos, e o meia Vinicius Souza, 21, ganham experiência no Lommel, da Bélgica, um dos clubes satélite do City Group. Campeão mundial sub-17 em 2019, o lateral-direito Yan Couto, 18, trabalha no Girona.
Um dos radares do City Group no Brasil é o empresário Pere Guardiola — irmão de Pep Guardiola, técnico do Manchester City. No ano passado, o agente, que também é proprietário do Girona, inaugurou no Brasil a empresa Media Base Sports, em parceria com o CEO Luiz Rocha. Um dos alvos da firma é trabalhar na gestão da carreira de atletas e treinadores brasileiros e representar clubes que desejam expandir negócios no exterior.
11
Times fazem parte dos tentáculos da multinacional City Football Group: Manchester City, Melbourne City (Austrália), Montevideo City (Uruguai), Lommel (Bélgica), New York City (EUA), Mumbai City (India), Girona (Espanha), Sichuan Jiniu (China), Yokohama Marinos (Japão), Troyes (França) e Bolivar (Bolívia).
Lista de comprasJovens jogadores adquiridos no Brasil pelo City Football Group e levados para o Manchester City ou times satélites da multinacional
» Gabriel Jesus, atacante
Custo: 32 milhões de euros
Onde está: Manchester City (Inglaterra)
» Douglas Luiz, volante
Custo: 12 milhões de euros
Onde está: Depois de passar por Girona e City, foi vendido ao Aston Villa
» Kayky, atacante
Custo: 10 milhões de euros
Onde está: Fluminense (até completar 18 anos)
» Yan Couto, lateral-direito
Custo: 6 milhões de euros
Onde está: Lommens (Bélgica)
» Diego Rosa, volante
Custo: 5 milhões de euros
Onde está: Lommens (Bélgica)
» Metinho, meia
Custo: 5 milhões de euros
Onde está: Fluminense
» Vinicius Souza, meia
Custo: 2,5 milhões de euros
Onde está: Lommens (Bélgica)
» Thiago Andrade, atacante
Custo: 1,64 milhão de euros
Onde está: New York City (EUA)
» Caio Roque, lateral-esquerdo
Custo: 1,5 milhão de euros
Onde está: Lommens (Bélgica)
» Rony Lopes, atacante
Custo: 1 milhões de euros
Onde está: passou pela base do City e hoje atua no Nice (França)