Realizado desde a temporada de 2018, o Ranking O GLOBO/Extra de técnicos tem o seu quinto vencedor em cinco anos de publicação. Campeão da Libertadores e da Copa do Brasil pelo Flamengo, Dorival Júnior — que teve também boa passagem pelo Ceará no início do ano — superou por pouco o português Abel Ferreira, campeão brasileiro, paulista e da Recopa pelo Palmeiras, e foi o melhor treinador da temporada 2022, segundo o levantamento que contabiliza todos os resultados da temporada, com pesos de acordo com a importância das competições.
O resultado deste ano, divulgado a cinco dias do início da Copa do Mundo que marcará a despedida do técnico Tite do comando da seleção, joga luz sobre quem poderia ser seu sucessor. Não necessariamente para indicar Dorival — que mesmo começando o ano em um time que não disputava as grandes competições se credenciou para assumir o Flamengo, e muito rapidamente girar um time para o caminho das taças —, mas para também entender, no momento em que o ranking completa cinco anos de divulgação, quem foi mais regular no atual ciclo entre a Copa da Rússia e a do Catar.
Ranking dos treinadores do futebol brasileiro do GLOBO/Extra — Foto: Editoria de Arte
O primeiro ranking foi divulgado justamente em 2018, após a continuidade de Tite ser confirmada depois da derrota para a Bélgica no último mundial. Novo vencedor, Dorival apareceu pela primeira vez no top 10. Se o trabalho em 2022 é acachapante, o técnico não teve outros momentos suficientemente relevantes na última meia década, o que pode dificultar seu caminho rumo à CBF. Apesar de honrado com as menções ao seu nome, preocupa-se mais em dar continuidade ao trabalho no Ninho do Urubu, entendendo que outra temporada vitoriosa pode pavimentar mais seu nome como um dos grandes técnicos no país.
Abel é, no entanto, o mais regular entre todos os treinadores que passaram por clubes da Série A ou B (o recorte do levantamento) desde 2018. Em três anos no Brasil, se não foi o melhor, foi o segundo técnico com mais pontos no ranking da temporada.
A queda de Renato
A regularidade dos dias atuais de Abel já foi de Renato Gaúcho, o primeiro vencedor, em 2018, pelo trabalho no Grêmio. Assim como Abel, ele acumulou dois segundos lugares após ser apontado como melhor da temporada. Ano passado, no Flamengo, caiu para 4°, saindo do top 3 pela primeira vez. De volta ao Grêmio na metade final de 2022, não ficou nem entre os 10 primeiros. Sinal que seu momento de ser indicado à seleção já pode ter passado.
A outro nome ventilado, falta justamente a regularidade. Melhor de 2021, Cuca abandonou o campeão Atlético-MG para voltar no fim do ano. Nem foi levado em consideração no ranking de 2022, que exige ao menos 5 meses de trabalho na temporada como uma das regras. Além da vitória em 2021, o máximo que o treinador conseguiu no ciclo foi um quarto lugar em 2019.
Quem tem números melhores que aparenta é Rogério Ceni. Além de Renato, é o único a estar no top 10 em quatro das últimas cinco temporadas (só ficou fora em 2019), e por três times diferentes: Fortaleza, Flamengo e São Paulo. Apesar de não ter conseguido levar o tricolor paulista à Libertadores, Ceni foi vice-campeão paulista, da Sul-Americana, semifinalista da Copa do Brasil e ficou a um ponto do G8. É um ano do “quase”, mas que trouxe bons pontos ao ranking, fechando o top 5, muito perto dos bons trabalhos de Vitor Pereira, no Corinthians e Luiz Felipe Scolari, em sua temporada de despedida do Athletico. Tivesse conquistado algum dos objetivos, por certo entraria no “pódio” e teria seu nome visto com mais força para a Copa de 2026. Pesa contra ele o que também vai contra Renato: tiveram o bom elenco do Flamengo nas mãos e não conseguiram o que fizeram Jorge Jesus, melhor técnico de 2019, e Dorival Júnior, melhor de 2022.