02 de fevereiro de 2021 | 17h33
Um beijo apaixonado digno do final de um lindo filme romântico. Frida Kahlo e Diego Rivera são assim surpreendidos pelas lentes de sua amiga Lucienne Bloch, cujas fotografias são exibidas pela primeira vez em Paris. Embora tudo pareça ter sido dito sobre a artista mexicana (1907-1954), uma das mais proeminentes do século 20, uma pequena galeria agora oferece um novo e intimista olhar sobre sua passagem pelos Estados Unidos na década de 1930, em uma mostra que atrai centenas de curiosos nos finais de semana.
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As fotos chegaram à dona da Galerie de l'Instant por acaso, quando em 2019 ela descobriu, vasculhando uma caixa em uma sala de Nova York, a imagem de uma jovem Frida Kahlo posando sob um autorretrato. Era a mesma que a havia fascinado dias antes, quando a viu em uma exposição no Museu do Brooklyn. “Comprei a foto e postei no Instagram. Pouco depois, Lucienne Allen, a neta da fotógrafa, me contatou! Não a deixei mais sozinha até que ela me deu permissão para organizar a exposição”, confidenciou Julia Gragnon à AFP.
A fotografia em que o casal de artistas revolucionários se abraçam e se beijam, com o rosto iluminado pela luz que entra pela janela, é sem dúvida uma das mais marcantes. “Teve uma mulher que se apaixonou, veio oito dias seguidos para olhar para ela. Ela acabou comprando”, explica Granon.
A versátil artista também imortalizou o mural que Rivera começou a pintar para o Rockefeller Center em Nova York: Frida posa diante da obra semiacabada, à esquerda uma caixa de pincéis, à direita uma escada. “A obra causou escândalo. Não é difícil imaginar a reação de Rockefeller ao ver Lenin, Trotsky e companhia no mural que encomendou. Não se devia esperar que Diego fosse tão comunista", diz Gragnon.
O proprietário explica que as mulheres são a maioria dos visitantes. “São muito sensíveis à história de Kahlo”, uma artista pioneira e empenhada, de grande talento e forte personalidade, cuja vida também foi marcada pela dor física, um casamento tumultuado e a impossibilidade de ter filhos. Mas jovens estudantes também visitam a mostra. “Todos reconhecem a sua imagem, a viram nas camisetas, nas canecas. Mas muitos descobrem que existiu mesmo”. A exposição vai até o final de março, além do que estava inicialmente planejado. “Nos finais de semana é uma loucura, há filas que quase dão a volta no quarteirão e somos apenas uma pequena galeria. Dá para perceber que as pessoas têm fome de cultura", com museus fechados em Paris por conta da pandemia.... - AFP