FRANCISCO E O IRMÃO LOBO
Robson José Calixto
Quero fazer teu olhar brilhar de novo, tendo à memória a recente passagem (15/06/2019) do cineasta Franco Zeffirelli, que dirigiu “Irmão Sol, Irmã Lua”. Falar-te-ei sobre São Francisco (1182-1226), que nasceu em Assis, que fica bem próxima a Gubbio, Itália, o que lhe permitiu viver nessa cidade sobre a qual já muito te falei.
Certa ocasião lobo feroz começou a atacar nas cercanias de Gubbio. Primeiro matava animais pequenos, domésticos, e depois ameaçou a própria população da cidade, que resolveu se armar e evitava, por medo, de se aventurar sozinha para fora de seus muros, de seus limites. Diziam que era uma verdadeira besta e possuía uma boca enorme, assustadora, criando desassossego.
Tomado pela compaixão, Francisco resolveu ir ao encontro do lobo, apesar de todos os pedidos e conselhos para que não fizesse isso. Decidido, São Francisco fez o sinal da cruz e saiu à procura do lobo onde diziam que a fera se movimentava, habitava.
Por sua vez, o lobo, percebendo a agitação na cidade, correu para atacar o homem que se arriscava em seus domínios, abrindo a boca e mostrando suas presas afiadas. Ao ataque iminente, Francisco fez o sinal da cruz, atraindo a fera para si, a quem chamou de “Irmão Lobo”. E de onde provinha violência, mordidas, dilacerações e dor, se estabeleceu a mansidão.
Assim, Francisco conclamou que o lobo não o atacasse, nem às criaturas de Deus e a mais ninguém, pedido ao qual assentiu, inclinando a cabeça e balançando o rabo.
Francisco o admoestou ainda mais, fazendo o lobo prometer, a ele e aos céus, que não atacaria a mais qualquer ser e que faria paz com as pessoas da cidade. O Irmão lobo se aproximou e estendeu uma de suas patas dianteiras sobre a mão de Francisco, inclinando, mais uma vez, sua cabeça, assentindo.
Com esse ato, Francisco ordenou, em nome de Jesus Cristo, que o Irmão Lobo o acompanhasse até a cidade para selar paz definitiva entre os antigos inimigos, tornando-se o Santo fiador do lobo.
Conta-se que a população de Gubbio ficou admirada com tudo que se passara entre Francisco e o lobo, que tomou a mudança de comportamento do animal feroz como milagre, do ódio para uma convivência pacífica. As habilidades especiais de São Francisco se espalharam ainda mais depois de amansar o lobo, e a população da cidade agradecia aos céus sua presença salvadora e pacificadora.
Dizem que o lobo passou dois anos saindo e entrando das casas dos moradores da cidade, sem perturbar a ninguém e sem que fosse molestado por qualquer pessoa, ao contrário, era alimentado por elas. Depois disso o animal morreu, todavia, ninguém se esqueceu do episódio vivenciado com a presença generosa de São Francisco, o “Irmão Sol”.
Brasília, 22 de junho de 2019. Várias fontes.