Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Estadão domingo, 17 de maio de 2020

FOTÓGRAFOS ABUSAM DA CRIATIVIDADE

 

Fotógrafos abusam da criatividade e passam a fazer sessões de fotos via chamada de vídeo

Redação Divirta-se

17 de maio de 2020 | 05h00

A cantora Any Gabrielly, da Now United, ficou surpresa com o resultado: “Adorei”. Foto: Mateus Aguiar

Ana Lourenço

O que seria dessa quarentena sem a tecnologia? Além de garantir a continuidade do trabalho por home office, possibilitar a conexão com amigos e familiares para matar as saudades e, sejamos reais, permitir passar o tempo com filmes disponíveis em plataformas e com lives, as redes sociais ainda abrem espaço para a criatividade. A tendência, agora, são as sessões de fotos realizadas via chamadas de vídeo.

 

“É algo que a gente nunca imaginou na vida, né? Como eu vou fotografar alguém se eu não estou lá, se eu não vou segurar a câmera?”, indaga a fotógrafa Fernanda Abreu, de 24 anos, que passou recentemente a fotografar dessa maneira. O processo parece simples: as pessoas se conectam via aplicativos – Skype, Zoom, Facetime, Google Hangouts – e o fotógrafo captura as imagens da tela. Depois disso, bastam algumas edições e pront 

Mas a criação por trás é maior. “Converso bastante com a pessoa e, às vezes, até faço uma chamada de vídeo antes do ensaio para ela me mostrar a casa e eu já ter uma ideia de onde fazer as imagens, ver a luz do lugar. Eu também indico algumas coisas que ficariam legais na foto, sejam objetos ou roupas”, conta o fotógrafo Mateus Aguiar.

Luz – natural ou artificial –, boa conexão com a internet e boa qualidade da câmera do celular são imprescindíveis. Porém, os envolvidos também precisam desenvolver comunicação, confiança e paciência. “Eu saio até cansada da sessão, porque você tem de passar todo o seu conhecimento para a modelo sem ela estar te vendo, sem você estar presente”, observa a fotógrafa Isadora Tricerri, de 22 anos.

Isso porque, para maximizar a qualidade da imagem, as fotos são feitas com as câmeras traseiras do celular, dependendo totalmente da voz do fotógrafo para indicar as posições ao fotografado. “É muito difícil trabalhar com um espaço que você não está vendo e entender aquilo que o profissional quer”, conta Rafaela Lima, que foi fotografada por Isadora.

 

Sessões de fotos via chamada de vídeo

 Alguns utilizam o novo recurso como um passatempo e não cobram nada. Outros cobram um preço mais baixo do que o presencial – em média, de R$ 100 a R$ 300. De acordo com os fotógrafos entrevistados, além da qualidade da imagem, os gastos com transporte, alimentação, locação e duração são suprimidos do preço. O tempo da sessão pode variar de 15 minutos a duas horas. Apesar de longo, Natália Felipe, fotografada por Fernanda, afirma que o processo foi divertido. “A sessão aliviou um pouco a alma, sabe? Por duas horas, eu me esqueci completamente da pandemia. Foi revigorante.”

Original. O precursor da tendência foi o fotógrafo italiano Alessio Albi. Trancado em casa desde o dia 9 de março, ele conta que foi uma maneira de se manter ativo. “Eu precisei me manter ocupado e motivado, uma vez que eu ficaria em casa o dia todo, sem fazer nada.” Assim, ele convidou a modelo Meghan Collison, sua amiga, para testar a ideia. E o sucesso foi instantâneo. “O interesse das pessoas começou a crescer e eu também passei a aceitar comissões de revistas para esse tipo de trabalho, porque, na realidade, toda a indústria está tentando se readaptar e se renovar durante essa situação que passamos”, diz.

A modelo Meghan Collison. Foto: Alessio Albi

A ideia se espalhou pelo mundo. “É um exercício de fotografia. Você sai totalmente da sua zona de conforto – posicionar a modelo, pensar na luz”, diz Fernanda. “É sempre desafiador dirigir alguém a distância. É novidade para todo mundo. Mesmo para artistas já acostumados a fotografar é bem mais complexo. O clássico ‘um passinho pra direita’, eu tenho que pensar antes de falar, porque não tenho um gesto pra fazer, já que o fotografado só tem a minha voz pra se guiar. No fim, acaba sendo divertido para todos e eles se sentem sendo assistente de fotografia por um dia”, explica o profissional Jorge Bispo, que já conta com cem ensaios via chamada de vídeo.

Como o intuito é não sair de casa, os adereços utilizados e até os “tripés” são improvisados. “Em uma das sessões, usamos uma xícara para apoiar o celular”, diz Isadora. Em outra, ela aproveitou a presença do marido da modelo. “Foi muito legal porque a gente conseguiu explorar ângulos que, talvez com o celular parado, não iríamos conseguir”, relata a criadora cultural Flávia Carvalho, clicada por Isadora.

Aceitação. “Eu tinha minhas dúvidas sobre o resultado. Confio muito no Mateus e sei que ele tem um talento absurdo, mas não esperava algo tão bom. Quando vi o resultado, nem acreditei que foi por Facetime”, declara a cantora Any Gabrielly, fotografada por Mateus Aguiar.

Para a influenciadora Júlia Rodrigues, o momento é perfeito para fotografar. “Tirar foto via Facetime é como se estivesse só você ali, porque pode se ver melhor e se entender.”

Dentro de casa, sem acesso a alguns eventuais cuidados de beleza, a aceitação do corpo e o amor próprio precisam ser cultivados e as sessões podem ser grandes aliadas. “Eu acho que é um processo de autoaceitação. Na sessão, você acaba fortalecendo isso”, diz Isadora. “Às vezes, a gente só foca nossas imperfeições, que, aliás, só a gente vê. Eu percebo muito isso com as pessoas que eu fotografo.”

A atriz e apresentadora Titi Müller também fala em autocuidado. “Acho que (na sessão) a gente se coloca de um jeito mais parecido com que a gente se via antes da quarentena, o que é muito legal, porque eu só estou andando de pijama em casa”, conta. Grávida de oito meses, a novidade da foto a distância foi o que permitiu à apresentadora ter um registro profissional do momento. “Fiquei chateada; eu estava com vários ensaios marcados, estava animada. Mas, quando a barriga começou a despontar, começou a ficar redondinha, foi bem quando foi decretada a quarentena.” A solução foi ser fotografada pelo amigo e fotógrafo Jorge Bispo. “Ele tem um olhar poético, muito lindo e adorei o resultado.”

Sessão de fotos via chamada de vídeo foi a maneira encontrada por Titi Müller de registrar a gravidez. Foto: Jorge Bispo

Conceitos. Se, por um lado, a novidade permite que as fotografias cruzem fronteiras, por outro, a qualidade diminui. Para solucionar isso, Mateus Aguiar passou a fotografar a tela do computador com a câmera. “Isso me possibilita uma melhor resolução da imagem e melhor qualidade de edição”, afirma. Outros discordam. “Sim, a qualidade é limitada, mas, se você consegue executar sua ideia e depois editar de uma forma que fique legal, é possível atingir a sua expectativa e a da pessoa que está sendo retratada. Você aprende a fazer a foto com o que tem”, diz Isadora.

O desafio faz com que, no mínimo, se repense o conceito de fotografia. “Todo o processo me fez lembrar de coisas que eu havia esquecido. Quando se trabalha há muito tempo nessa área, você pensa muito na técnica e em outros fatores que, na verdade, não são importantes. São muito mais importantes, para um retrato, as emoções, como a pessoa vê ela mesma e como você a vê. É sobre comunicação e conexão humana”, opina Albi.

O italiano, porém, espera que isso seja algo momentâneo. “Provavelmente, esse será um recurso útil para pessoas que não podem viajar, por condições políticas ou de saúde. Mas eu espero que, em condições normais, tudo volte ao normal”. Jorge Bispo também aguarda esse momento: “Estou doido pra receber gente aqui no ateliê, passar um café e colocar um disco na vitrola”.


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