A produção de flores corresponde a 4% do Produto Interno Bruto (PIB) do campo, no Distrito Federal, segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF). De acordo com o Relatório do Valor Bruto de Produção (VBP), elaborado pela empresa, na cadeia da floricultura convencional, em 2022, havia 239 produtores, que cultivaram flores e plantas ornamentais em uma área de 441,8 hectares e arrecadaram R$ 181,8 milhões.
A engenheira agrônoma e extensionista rural da Emater Gesinilde Radel Santos explica que o clima do DF é favorável à produção devido às temperaturas registradas ao longo do ano. "Não temos calor ou frio extremos, como ocorre, por exemplo, no interior de São Paulo. A constância de temperatura é positiva para a produção, que se mantém equilibrada o ano inteiro", destaca a extensionista.
Produção
O setor de floricultura inclui a produção de folhagens e forrações (gramas). No DF, o destaque é a produção de gramas, palmeiras em geral, flores de corte — como aster e lisiantus, forrações diversas com ênfase para a liríope, flores e folhagens tropicais diversas. A estimativa da Emater é de cerca de 5 mil empregos diretos e indiretos gerados pelo setor.
Festflor
A oitava edição do FestFlor Brasil, que começou na quinta-feira e segue até domingo, oferece palestras e oficinas sobre a floricultura, além de estandes que expõem e comercializam flores e plantas para todos os gostos. O evento é na sede da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no fim da W3 Norte, das 11h às 19h, com programação gratuita e aberta ao público.
O objetivo é apresentar aos visitantes itens de qualidade e mostrar os avanços e oportunidades do setor. "O FestFlor dá vazão à produção de flores do DF, além de promover o encontro de toda a cadeia produtiva, incluindo produtores, revendedores, paisagistas, decoradores e produtores de de insumos", explica Gesinilde.
"O Festflor dá fôlego para quem produz. Você vê outros produzindo e vê que não está sozinho no mercado", observa André Marques, presidente da Associação Brasiliense de Produtores de Flores e Plantas (Central Flores). No festival, ele vai ministrar uma palestra sobre sobre como cultivar orquídeas.
Setor
André Marques planta orquídeas há 26 anos. Há 15, passou a comercializar as flores popularmente usadas para ornamentar ambientes diversos. Suculentas e folhagens também fazem parte do catálogo oferecido por ele em seu box na Sede da Central Flores, ao lado da administração da Ceasa-DF (Centrais de Abastecimento do Distrito Federal).
O presidente da Central Flores lembra que, quando começou a atuar no setor, produzia apenas 5% do que cultiva produz hoje. "Brasília é um grande mercado consumidor, o que faz as pessoas preferirem comercializar do que produzir, mas sou apaixonado pela produção", enfatiza. André corrobora a observação feita por Gesinilde acerca do ambiente propício para o plantio no DF. "Por aqui, não tem grandes ondas de frio, é um ambiente favorável para a produção de plantas — tanto de altitude quanto para as de nível do mar", ressalta.
O produtor conta que o período pandêmico fortaleceu a comercialização de plantas de vaso, como a orquídea. "Agora, estou dobrando a área de produção", revela. "No momento, estamos em um cenário em que os produtores estão com mais conhecimento para produzir com mais volume e qualidade. O mercado consumidor de Brasília é um dos maiores do país, por ter muitos eventos que demandam o produto. Há muito consumo de flores de corte e de vaso, fora as grandes distribuidoras que importam de outros estados", complementa.
Sobre a produção de orquídeas, Marques diz que a grande dificuldade é a demora no retorno financeiro. Começando o processo ainda na semente, a floração demora cerca de cinco anos entre os gêneros mais cultivados na capital. Por outro lado, ele pondera que o mercado da flor não oscila muito, com uma demanda relativamente constante. "O difícil é ter o conhecimento preciso para a produção", admite.
Para quem se interessa em entrar no mercado comercializando outras espécies, ele dá uma dica: priorizar aquelas que têm ciclos menores de produção.