MANIFESTO À NATUREZA
Floriano Sampaio
Com o objetivo de ampliar o conceito do “Balão da 17”, foi-me sugerido a utilização de resíduos de árvores abatidas do Park Way, utilizando as “bolachas de madeira” como textura para o paisagismo e também confecção de bancos. Um local com finalidades diversas, como antes já foi utilizado para encontro dos moradores. A ideia era boa, com conceitos de sustentabilidade e plasticidade em harmonia.
Um dos pilares do “Manifesto à Natureza”, em sintonia com a proposta do viveiro do Park Way, é a intervenção com plantas do Cerrado floríferas, 40 Calliandras. Há anos, desde sempre, o Cerrado esteve esquecido pelas instituições públicas, o viveiro da UnB foi extinto. O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, reconhecido como a maior savana do mundo e com extrema abundância de plantas endêmicas.
De forma acertada, no Balão, a NOVACAP realizou o plantio de árvores nativas da nossa mata ciliar em frente, com maciços da espécie Pau-Pombo, Tapirira Guianensis.
A ideia originou um processo de criação, onde o objetivo seria a menor intervenção com menor manutenção possível, mas com a força estética de belezas escultóricas desprezada do Cerrado, dentro do Park Way.
Com influência do paisagismo do célebre Isamu Noguchi, lembrou-se das pedras do Park Way, resíduos da terraplanagem na construção das rodovias e ciclovias. Seriam duas composições utilizando dois conjuntos de pedra Tapiocanga e outro conjunto com blocos de pedra Caverna.
Troncos calcinados monumentais e o aproveitamento do Bambu no mobiliário completam o conjunto escultórico. A simples manutenção do controle da altura do mato seria o suficiente para a preservação do espaço.
A escultura que lá foi instalada, Monumento às Diferenças, é contrapartida obrigatória de projeto cultural selecionado na Secretaria de Cultura, com autorização e doação oficial.
Deixo palavras da crítica de arte Renata Azambuja, “Não acho que a arte precisa ser funcional, nem tornar nada funcional, mas a forma como ela é feita, a energia e o intelecto que o artista coloca na obra podem mobilizar os sujeitos. Na arte urbana, isso pode ser observado mais fortemente. Qualquer coisa que você coloca num meio que não é privado, como uma galeria ou um museu, acaba se imiscuindo com a vida de maneira mais orgânica. Pode ser um grafite, uma escultura, uma instalação que, de alguma forma, nos retiram de certa estabilidade”.
Monumento às Diferenças
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N. E. - Floriano Sampaio era cabeludo, cabeludão mesmo. Porém, há pouco tempo, não mais que de repente, apareceu careca! E todos se perguntavam: foi alguma enfermidade? Comida que fez mal? Praga de sogra? Mordida de cascavel? Pisada em Sapo Cururu? Mas não foi nada disso! Ele, talvez – quem sabe? –, acreditando que “é dos carecas que elas gostam mais –, um dia, simplesmente, pegou duma gilete de raspou a cabeça, mas em compensação, deixou crescer a barba, para não ficar completamente descabelado.