Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense domingo, 30 de setembro de 2018

FLORES QUE TRANSFORMAM

 

Flores que transformam
 
 
Brindamos a chegada da primavera com histórias de pessoas que mudaram as vidas graças às plantas

 

Por Renata Rusky

Publicação: 30/09/2018 04:00

Embora seja um bioma rústico, o cerrado surpreende com a floração em meio a árvores tortuosas. A primavera começou oficialmente no último dia 23 e um olhar atencioso à capital é capaz de perceber as flores presentes por toda a cidade.
 
Sem estações do ano tão bem definidas, há até quem diga que, na capital, é primavera quase o ano todo. A professora Carmen Regina Mendes de Araújo Correia, do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade de Brasília (UnB), explica que, quando se fala na flora da capital, deve-se pensar nas plantas nativas do cerrado e nas plantadas, trazidas de fora. “As nativas florescem durante a seca, a partir de maio, até novembro. As de fora costumam florir principalmente na primavera”, explica.
 
O botânico José Antônio Paschi explica que, a partir de maio, o ipê-roxo começa a florescer e dura até o fim de julho. Em agosto, é a vez do amarelo, cuja floração vai até outubro. Enquanto o último segue decorando as paisagens brasilienses por mais tempo, duas outras cores aparecem e vão embora: a do ipê-branco, que acaba em setembro e dá lugar ao ipê-rosa, que desaparece em outubro com o amarelo.
 
Embora os ipês sejam alguns dos grandes símbolos da capital, não são os únicos. E o fim da floração deles não significa ausência total de flores. Em outubro, eles dão lugar à floração de flamboyant, que deixa Brasília mais alaranjada. Com a chegada das chuvas fortes, no fim do ano, as flores, então, dão uma brecha para voltar com tudo a embelezar a cidade no ano seguinte.
 
E, se aqui há flores o ano inteiro, há quem faça da própria vida uma primavera constante, sempre cercado por flores, cuidando das plantas e tentando alegrar os outros por meio delas. A Revista mostra histórias de quem tem uma relação especial com a flora, não abre mão da energia boa de tê-las em casa e também de quem ainda está descobrindo aos poucos esse universo.
 
Bruna Pelegio (e) fechou parceria com Sâmia Silveira: flores e decoração de mãos dadas (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  
Bruna Pelegio (e) fechou parceria com Sâmia Silveira: flores e decoração de mãos dadas
Carreiras desabrochadas
 
Há cerca de quatro anos, a florista Bruna Maria Pelegio, 31 anos, transformou a própria vida, trocando de carreira. Formada em contabilidade, com um emprego bem técnico e no qual sentia que não usava criatividade para nada, acabou trabalhando com flores meio por acaso. “Era um ambiente muito formal, tradicional, machista”, reclama.
 
Uma amiga casaria no cartório, e Bruna se comprometeu a presenteá-la com um buquê. “Quando viram o resultado, foi uma comoção, porque acharam lindo. Então, ela pediu pra eu fazer o da cerimônia religiosa também.”
 
O que era para ser só uma demonstração de carinho para uma amiga, rendeu-lhe encomendas. “Muita gente sabia que eu estava insatisfeita com o emprego. Acharam que eu estava fazendo buquês profissionalmente e começaram a passar meu contato. Fui aceitando os pedidos”, conta. Tornou-se “a moça do buquê”.
 
Mais do que uma mudança de carreira, para Bruna, foi uma transformação no estilo de vida. “Trabalhar com flores, conversar com as noivas, ser criativa: tudo isso é energizante”, justifica. Bruna sempre gostou de plantas e teve muito contato com elas. Ela se recorda de que a avó se gabava de que as flores dela desabrochavam duas vezes por ano.
 
Parceria
 
Nascida na fronteira entre o Brasil e o Uruguai, os avós plantavam quase tudo o que a família comia. “Na época da abóbora, comíamos abóbora. No inverno, ficávamos cheios de compota. Eu aprendi muita coisa com eles.” Mesmo assim, ela não se contentou com o ensino adquirido dos parentes e estudou muito, fez muitos cursos. “Como me sentia insegura por estar numa nova carreira, eu me esforcei ainda mais.”
 
No processo de trocar de trabalho, Bruna percebeu que era muito mais inventiva do que pensava. Até os 26 anos, tinha certeza de que criatividade era uma habilidade com a qual não havia nascido, portanto, começar a trabalhar com flores foi também uma experiência de autoconhecimento.
 
Um dos maiores desafios para Bruna foi quando as noivas começaram a pedir que ela fizesse não só os buquês, mas toda a decoração das cerimônias. Ficou com receio: “Não era mais só flor. Exigiria mais”. Foi quando decidiu que precisava de alguém com quem dividir as responsabilidades, que tivesse essa parte do expertise.
 
Por coincidência, a mulher de um amigo de infância do marido de Bruna estava decidida a se dedicar a decorações de festa. E comentou despretensiosamente em um jantar dos dois casais. Arquiteta, Sâmia Ferreira Silveira, 33, era quem Bruna procurava. Ela não tinha o conhecimento das flores, mas tinha de decoração. As duas se uniram e mais uma “moça do buquê” entrava em cena.
 
Sâmia conta que, desde que começou a trabalhar com flores, passou a se conectar mais com a natureza. “Meu olhar mudou. Aonde eu vou, reparo nas plantas, nas flores. Hoje, nenhuma viagem é como antigamente. No meu percurso para casa, eu presto atenção em toda flor. É um estudo constante.”
 
Além disso, ela percebe que não tem comparação trabalhar em um ambiente cercado de plantas, como é o ateliê delas, e em um escritório. “Tanto na arquitetura quanto em eventos, as plantas humanizam, oxigenam, transformam a energia do lugar”, afirma Sâmia.
 
Mas nem tudo são flores. O trabalho é pesado. Ficam em pé durante muito tempo, carregam peso pra lá e pra cá. “É claro que tem o glamour da flor, símbolo de beleza, de fertilidade, e é uma bênção trabalhar com elas, mas não deixa de ser um trabalho”, admite Bruna.
 
 (Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press)  
 
 
As flores também mudaram a carreira de Roxane Ayres (foto), 37. Psicóloga de formação, mudou-se de Fortaleza para Brasília por conta do marido, funcionário do governo. Ambos sempre pensaram em abrir um negócio. Decidiram, então, trazer uma franquia da floricultura Luxo Natural para a capital do país. Para Roxane, fazia sentido trabalhar com algo de que sempre gostou: flores.
 
Ela relembra que, quando era criança, o pai tinha um catálogo de fotos com flores de Holambra. “Eu pegava aquele livro e ficava admirando, tentando aprender um pouco mais sobre cada flor”, conta. Quando saía para comprar pão, o pai também sempre voltava com um ramo de flor resedá para lhe dar. “Ele pedia a uma mulher, em uma casa no caminho”, conta.
 
Por influência do pai, passou a ter um carinho especial pelas flores. A casa dela, inclusive, estava sempre florida, mesmo antes de ser dona da floricultura. Talvez, também por conta da influência do patriarca, ela tenta desmistificar a ideia de que só mulheres devem ganhar flores. Os presentes que dava a amigas e amigos todo mundo já sabia antecipadamente: flores. Ela garante que sempre surpreendia por conta da variedade de espécies, dos arranjos diferentes.
 
A loja de Roxane trabalha com arranjos que vêm acompanhados de alguma mensagem, que pode ser personalizada. “Vender flores é um desafio, porque precisamos entender o que aquela pessoa quer dizer para quem vai ser presenteado”, afirma Roxane.
 
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