FLOR DE CHAMA
Hermes Fontes
Hastil branco a florir em luz e flama, esguio
lírio seco, que o vento aniquilar promete –
há uma vela a esvair-se… E isso, deve-o ao pavio,
que é a sua alma, que é o eixo, a arder, do espermacete.
Mal o pavio esplende, ei-la que se derrete:
chama – parece estar tiritando de frio…
É uma criatura humana, alanceada das sete
dores da Virgem-mãe, lagrimejando, a fio…
É um ser anímico esse objeto inanimado:
– arde o pavio, e, entanto, o que se esvai é a cera…
– dói a alma, e o corpo é que se faz mortificado…
É uma agonia humana… Um suor febril escorre…
E, tal o humano ser desmaiara e morrera,
a vela luz… reluz… vai desmaiando… morre.