FaBIO Grecchi
Publicação: 24/11/2019 04:00
Diego Alves, Éverton e Diego erguem a taça, na tripla comemoração dos capitães da equipe durante a campanha. Jogadores entram para a história do clube com 2º título da Libertadores
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Se perguntarem a qualquer rubro-negro se Flamengo 2 x 1 River Plate foi um bom jogo, possivelmente a resposta será “não”. Os brasileiros não conseguiram desfazer o nó cego passado pelos argentinos e, para piorar, ainda bateram cabeça no gol que, até os 43 minutos do segundo tempo, levava o título da Libertadores para Buenos Aires. Mas, e daí? Com sofrimento, os rubro-negros, em menos de cinco minutos, espantaram o cheirinho com que os “secadores” sempre provocaram e encheram os pulmões com o mais puro e inebriante perfume da vitória.
Os 38 anos de distância entre o primeiro e o segundo título não se comparam em agonia com os aproximadamente 85 minutos de domínio pleno do River, que entendeu o jogo do Flamengo desde o primeiro minuto – o contrário não aconteceu, em momento algum, diga-se. A marcação pesada da equipe de Marcelo Gallardo era um sufocamento para um time leve, acostumado a mandar nas ações, mas que já devia ter percebido que os adversários também criam antídotos. O 4 x 4 com o Vasco, em pleno Maracanã, não serviu de aviso.
Foi esse descompasso que levou Willian Arão e Gérson a dizerem, um para o outro, “deixa que eu deixo”, e permitir que Borré batesse seco para o fundo do gol, numa bola vinda do fundo. Aliás, justiça se faça ao River: notou que o lado esquerdo do Flamengo é um latifúndio e colocou Nacho Fernándes ali, entre Filipe Luiz e o lento Pablo Marí. Na direita, Casco e De La Cruz aprontavam um salseiro em cima de Rafinha, impedindo-o de ir ao ataque e obrigando Rodrigo Caio a trabalhar dobrado.
A rigor, o Flamengo não chutou a gol no primeiro tempo. Bruno Henrique e Gabigol estavam isolados na frente, onde a bola não chegava; Éverton Luiz recebia pelo menos três marcadores em cima e não conseguia flutuar; Arrascaeta padecia do mesmo mal e passou o primeiro tempo nessa teia. A proposta do River era inteligente: reduzir a velocidade do time de Jorge Jesus. E com brilho, conseguiu. Já diz a máxima futebolística: final não se joga, se ganha.
Bom, o “Mister” já leu a tática dos argentinos e, no segundo tempo, vai desfazê-la. Qual o quê! O Flamengo voltou do intervalo novamente desarvorado, afobado, chutando bola para o alto, errando passes. Desalento – dessa forma, a Libertadores já tem dono. Armani, lá atrás, agradecia todos os cruzamentos na área. Não é goleiro da seleção por acaso.
Mas talvez Marcelo Gallardo tenha cometido seu maior erro ali pelos 30 minutos, quando começou a substituir jogadores. O fez para ganhar tempo? Por achar que a taça estava na mão? Por ter percebido cansaço depois de tanto esforço? Dificilmente confessará. Não foi coincidência que, a partir daí, o Flamengo passou a achar os espaços que não encontrara até então. No primeiro gol, Bruno Henrique lançou Arrascaeta, que, escorregando, conseguiu cruzar para Gabigol empatar, aos 43.
Ufa! Uma chance de levar para a prorrogação e para os pênaltis; pressão para o outro lado. Eis que, porém, o inacreditável acontece: Gabigol se dá bem na disputa com o duro Pinola e... 2 x 1!
Acaba!, acaba o jogo, seu juiz! Chega!
Ainda teve expulsão de Gabigol, pisão em Bruno Henrique, empurra-empurra – e o árbitro, que não é trouxa nem nada, esperou a bola dar uma roladinha para trilar o apito. Aí, meus amigos, foi a festa que não se viu nas últimas copas do mundo.
Nota final: agradecemos o tuíte do River reconhecendo o título. E deem licença, que a hora é de desfrutar o perfume e a alegria da vitória.
“Eu imaginava ser campeão, mas foi melhor. Foi a cara do Flamengo, acreditando até o fim. Valeu a pena todo esforço que fizemos para chegar até aqui”
Éverton Ribeiro,
capitão do time rubro-negro
"Tenho orgulho dos meus jogadores, podem ficar de cabeça erguida. O Flamengo é um grande rival, para muitos era o favorito. Em campo não se viu isso. Graças ao trabalho do River. Fomos melhores por 85 minutos. Temos que saber perder"
Marcelo Gallardo
trajetória do título
Fase de grupos
5/3 - San José 0 x 1 Flamengo
Na altitude de 3.700 m de Oruro, Bolívia, o Flamengo fez o improvável. Com gol de Gabriel Barbosa e noite inspirada de Diego Alves, a equipe ainda comandada por Abel Braga estreou com vitória fora de casa na Libertadores.
13/3 - Flamengo 3 x 1 LDU
Apesar de ter cometido dois pênaltis, o time carioca venceu por 3 x 1, no primeiro jogo no Maracanã, com gols de Éverton Ribeiro, Gabriel Barbosa e Uribe. Cristian Borja descontou para os visitantes.
3/4 - Flamengo 0 x 1 Peñarol
Derrota amarga em casa. Com poucas chances criadas e Gabriel expulso, o Flamengo perdeu o jogo e a liderança do Grupo D para o Peñarol. Viatri saiu do banco para dar a vitória aos uruguaios, aos 42 minutos do
segundo tempo.
11/4 - Flamengo 6 x 1 San José
Foi do Flamengo a maior goleada da Libertadores de 2019. Com gols de Éverton Ribeiro (2), Diego Ribas (1), Arrascaeta (1), Vitinho (1) e Gutiérrez (contra), o Flamengo venceu por 6 x 1 e reassumiu a liderança do Grupo D.
24/4 - Liga de Quito 2 a 1 Flamengo
Em Quito, o Flamengo até saiu na frente com Bruno Henrique, mas Anangonó e Chicaíza marcam para os equatorianos. Derrota rubro-negra por 2 x 1.
8/5 - Peñarol 0 x 0 Flamengo
Flamengo desperdiçou oportunidades, perdeu Pará (expulso aos 18 do 2º tempo), mas segurou o empate fora de casa. E se classificou para as oitavas como líder da chave.
Oitavas de final
24/7- Emelec 2 x 0 Flamengo
Com Jorge Jesus no comando, perdeu por 2 x 0 para o Emelec no jogo de ida das oitavas de final, no Equador. Godoi e Caicedo marcaram para o time da casa e ligaram o alerta do treinador português.
31/7 - Flamengo 2 x 0 Emelec
Como diria a torcida: hoje tem gol do Gabigol. E não foi apenas um: dois gols de Gabriel levaram a decisão da vaga às quartas de final da Libertadores para os pênaltis. Com 4 x 2 nos tiros livres, o Flamengo avançou à fase seguinte.
Quartas de final
21/8 - Flamengo 2 x 0 Internacional
Com dois gols de Bruno Henrique, no segundo tempo, o Flamengo venceu o Internacional no jogo de ida das quartas de final da Libertadores.
28/8 - Internacional 1 x 1 Flamengo
Em casa, o Internacional abriu o placar com Rodrigo Lindoso. Mas um erro de Sarrafiore, e o contra-ataque rubro-negro, Gabriel Barbosa fez o gol de empate que cravou a classificação do Flamengo para a semifinal.
Semifinal
2/10 - Grêmio 1 x 1 Flamengo
Em um jogo eletrizante, as redes da Arena do Grêmio balançaram cinco vezes — três gols foram anulados pelo VAR. Bruno Henrique abriu o placar, em falha da marcação tricolor. Pepê, que saiu do banco, decretou o empate e empurrou a decisão da vaga para o Maracanã.
23/10 - Flamengo 5 x 0 Grêmio
Uma humilhação que quase 70 mil pessoas testemunharam no Maracanã! Apesar de um primeiro tempo equilibrado, o Flamengo deu um nó tático no time de Renato Portaluppi no segundo. Com gols de Gabriel (2), Bruno Henrique (1), Pablo Mari (1) e Rodrigo Caio (1), o time de Jorge Jesus atropelou os gaúchos e garantiu a vaga na final da Libertadores.
final
23/11 - Flamengo 2 x 1 River Plate
Com virada épica em Lima, no Peru, o Flamengo reconquista a América.