Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Estadão segunda, 30 de setembro de 2019

FILME SÓCRATES

 

Filme ‘Sócrates’ traz um dos personagens mais fortes do cinema brasileiro recente

Dirigido por Alex Moratto, longa acumula prêmios em diversos festivais 

Luiz Carlos Merten, O Estado de S.Paulo

30 de setembro de 2019 | 06h54

Sócrates é negro, pobre e gay. Garoto da Baixada Santista, tem esse nome porque a mãe, corintiana, quis homenagear o grande jogador. Embora seja só um garoto, Sócrates enfrenta um momento particularmente difícil – está sendo despejado do lugar aonde mora, a mãe morreu e existem trâmites burocráticos que ele não consegue concluir, incluindo a liberação do corpo para ser enterrado. Com que dinheiro? Sócrates, protagonista do filme que tem seu nome, é um dos personagens mais fortes do cinema brasileiro recente. O filme dirigido por Alex Moratto, produzido em parceria com o Instituto Querô, de Santos, estreou na quinta, 26, coroado por numerosos prêmios no País e no exterior.

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 Cena do filme 'Sócrates' Foto: O2

Na trama, o menino Sócrates até pensa em prostituir-se para sobreviver, cavouca no lixo para comer. O horror, o horror. Moratto, que completa 31 anos em novembro, resolveu contar essa história por profunda necessidade interior. Para ele, o cinema não é nenhuma diversão. É algo visceral, que tem de vir de dentro. Sócrates, o filme, nasceu do seu sofrimento, da necessidade de fazer o luto. Filho de pai norte-americano e mãe brasileira, Moratto vive até hoje entre os EUA e o Brasil. A mãe, separada do pai. Praticamente sozinho, e com o apoio da médica que a assistia, ele enfrentou a doença, a morte. O filme permitiu-lhe superar tudo isso. Superar não é bem a palavra. Certas coisas a gente carrega pela vida 

Mas ele tem tido compensações. Sócrates participou de mais de 40 festivais em todo o mundo. Ganhou 15 prêmios, entre eles o Oscar dos independentes, o Spirit Award. Num desses festivais, ao exibir o filme de Moratto, o curador disse que as condições humanas e sociais são específicas, mas o luto, como tema, é universal e o processo comprometido de produção fazia toda a diferença. Na semana que passou, o diretor participou de debates em São Paulo. Num deles, com jovens da periferia, foi quase às lágrimas quando um garoto se levantou, disse que poderia ser o Sócrates da ficção e agradeceu a Moratto por se ver na tela. Não são muitos os filmes que representam esse segmento social. No caso do clássico Cidade de Deus, os jovens pegam em armas, abrem caminho a bala.

Sócrates segue outra via. Moratto venera Cidade de Deus, e Fernando Meirelles. “O filme recebeu o maior apoio da O2 Play. E ele é um grande diretor.”

O projeto começou a nascer quando Moratto, de férias no Brasil, estava em Santos. Uma amiga de sua mãe viu um anúncio do Instituto Querô, uma ONG que utiliza o audiovisual como ferramenta de inclusão social de jovens de 16 a 25 anos, em situação de risco. Foi através do instituto que ele conheceu Christian Malheiros, que viria a ser ator do filme. “Christian tinha aquela urgência, aquele desespero estampado na cara. Testei muitos jovens, ia fazer o filme com outro, mas terminei voltando ao Christian. Foi a melhor escolha.”

Nesse Brasil que ficou tão conservador, mostrar um personagem que faz sexo com outro homem, limpa banheiros e fuma maconha não será transgredir demais? “Em todo o mundo, o filme foi recebido como uma obra verdadeira e humana. Nosso objetivo é a dignificação do humano, não a degradação. Christian é ator, diz uma coisa linda. ‘Difícil não foi o beijo gay, foi procurar a comida no lixo.’ Não pode, as pessoas merecem mais do que isso”, diz o indignado diretor. Ele trabalha no próximo filme, que já tem verba norte-americana. É diferente, mas na mesma vibe. “Seven Slaves, Sete Escravos é sobre tráfico de pessoas, outra indignidade dos tempos atuais.”


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