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Martinha do Coco: "Aqui me reinventei na minha essência do viver"
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Prestes a completar 60 anos, Brasília é uma cidade que se define pela síntese. No Planalto Central, sotaques de diferentes cantos do país vieram construir a capital do país. Na mala, trouxeram ritmos, gastronomia, modos de ser, de fazer, de viver. Estabeleceram-se candangos que deram origem aos brasilienses. Para homenagear quem construiu e ainda constrói a cidade nos últimos 60 anos, nasce o projeto Coração Candango.
Estabelecido no Setor Comercial Sul, lugar de encontro de pessoas com as mais diversas características, o evento, que começa hoje, traz manifestações populares, cores, sons, cheiros, artesanato e dança que pulsam no DF. “A ideia é resgatar a influência dos estados do Nordeste na formação de Brasília, na forma de ser do DF. E também as pessoas trazerem as pessoas que até hoje constroem a nossa cidade, pessoas que estão à margem. Muita gente anônima foi fundamental para isso existir. Todos somos candangos e candangas até hoje. Não é importação cultural, são várias influências, é esse choque, essa mistura”, explica o idealizador do projeto, Raphael Sebba.
Na primeira edição, integram a programação do Coração Candango Pitoco de Bambu, Charretinha do Forró, Choro Delas, As Fulô do Cerrado, Bando Matilha de Capoeira, Filhos de Dona Maria, Bloco Dona Imperatriz convida Thabata Lorena, Dona Martinha do Coco e 7 na roda. “Procuramos fazer uma curadoria que fosse diversificada do ponto de vista das influências estaduais, do ponto de vista etário e histórico. Temos de Dona Martinha do Coco até as meninas As Fulô do Cerrado. Tem o resgate da cultura popular e tem o processo de renovação e revisão de todas as influências. Queremos preservar essa diversidade, que é o maior símbolo do DF e da cultura candanga”, comenta.
Além das atrações musicais, o festival promove oficinas e uma feira criativa com comidas típicas e produtos artesanais. “É cultura no sentido antropológico, o modo de ser, a forma de ver o mundo. Isso não se resume às artes, envolve economia criativa, gastronomia, artesanato, todas as dimensões”, avalia Sebba. Ele também pontua que a ambientação do Coração Candango foi pensada para promover uma experiência ao público, uma forma de trazer elementos nordestinos.
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O fascínio pela cultura popular nordestina conquistou as amigas e artistas da banda As Fulô do Cerrado
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Reinvenção
Mestra Martinha do Coco é uma das principais referências em cultura popular no DF. Também é um sinônimo do ser candango. Vinda de Olinda, em Pernambuco, ela chegou à capital com 17 anos. Martinha é moradora do Paranoá há 30 anos e teve a oportunidade de iniciar a carreira artística cantando samba de coco no grupo de percussão da Organização Tambores do Paranoá — Tamnoá.“Todo mundo se reinventou dentro dessa cidade. É a força do nordestino e de pessoas de outros lugares. A importância do entorno que fortalece”, comenta a artista.
Com o samba de coco, Martinha canta e conta as histórias da cidade mística, como descreve Brasília. A mestra se orgulha em ver o amor com que os fazedores de cultura e os aprendizes contribuem para a cultura popular dentro de Brasília. “Aqui me reinventei na minha essência do viver. O conhecer pessoas, os monumentos, outras falas, as misturas. Aprender e respeitar tudo isso é o que faz a cidade.”
Planejado há alguns anos, o Coração Candango é uma forma de materializar e concretizar a identidade do Distrito Federal, principalmente em ano de festa. “Para mim, o DF é o símbolo do Brasil. Pode parecer uma fala forte, mas não é menosprezando outros símbolos, é que aqui é a síntese de tudo, dos quatro cantos do país. E as manifestações culturais aqui acontecem com muita qualidade. O projeto é para valorizar a nossa diversidade e dar visibilidade para as manifestações invisibiwlizadas, que são pouco comentadas, da classe trabalhadora, que faz a cidade existir e acontecer”, pontua Sebba.
Programação
Hoje, a partir das 17h
Pitoco de Bambu: Choro Delas: Martinha do Coco: 7 na Roda: + Djs
Amanhã, a partir das 17h
As Fulô do Cerrado: Charretinha do Forró: Filhos de Dona Maria: Thabata Lorena Bloco Dona Imperatriz: Djs
Oficinas
Oficina: Vivência de Contação de Histórias e Comicidade com Cecília Borges: Dia: 7 de março: Horário: 10h: Local: Feira Ponta Norte na SQN 216
Oficina: Do Rap, Poesia e Slam com Meimei Bastos
Dia: 7 de março: Horário: 14h30: Local: Casa da Cultura da América Latina (CAL) no Setor Comercial Sul
Oficina: Introdução ao Pífano com Pitoco de Bambu
Dia: 7 de março: Horário: 17h: Local: Casa da Cultura da América Latina (CAL) no Setor Comercial Sul
Coração Candango
No Corredor Central do Setor Comercial Sul. Hoje e amanhã. Não recomendado para menores de 16 anos. Entrada Franca