Brasília nasceu e cresceu tomando o posto de cidade do futuro, de um sonho que então começava a se tornar realidade, em um país que se encontrava em franca transformação. Famílias vinham de todos os lugares. O resultado: um turbilhão cultural. No entanto, essa diversidade não se limita às fronteiras do território nacional. Comunidades estrangeiras também embarcaram na aventura traçada por Juscelino Kubitschek.
Pioneiros com sotaque grego
Staikos Georges Tzemos, 86, é um dos membros mais antigos da comunidade. Chegou ao Brasil em 1959, com apenas 22 anos. Desembarcou no Porto de Santos (SP) em 18 de maio. Dois dias depois, já estava em Brasília, onde já tinha irmãos esperando para ajudar no empreendimento do ramo de confecções na Cidade Livre (hoje Núcleo Bandeirante). "O que eu vi quando cheguei foram os barracos e uma Brasília em obras", rememora o pioneiro.
Foi nesse período que Staikos e outros compatriotas se reuniram e fundaram a Sociedade Helênica, hoje chamada de Comunidade Grega de Brasília, que conta com uma Igreja Ortodoxa e salão de festas. "A importância de preservar a cultura grega é que somos um país muito antigo. São mais de 8 mil anos de história e sobrevivemos a todo esse tempo", conta Staikos.
Aos 12, as aulas de uma professora enviada pelo Estado grego para a comunidade de Brasília a compeliu a se aprofundar na arte. Hoje, ela é professora e integra o grupo de dança Ílios, uma das atrações da festividade da comunidade que tem seus pais como dois dos fundadores. "São nossas raízes. Apesar de ter crescido aqui, a gente faz o máximo para manter e passar isso para as novas gerações", conta Messinis. A celebração também terá shows das bandas Samos, de Brasília, e Elliniki Kompania, de São Paulo, embalados pelo som característico do bouzouki, instrumento de cordas tradicional da Grécia.
Fundada há 57 anos, a Comunidade Grega de Brasília é presidida por Konstantino Kobos, 51. Assim como Lambrini, ele também faz parte da segunda geração de imigrantes gregos da cidade. Kobos explica que o Panighiri, que tem semelhança com a brasileira festa junina, com música, dança e comidas típicas, é tradicionalmente festejado no último final de semana de agosto na Grécia, quando é celebrada a colheita da uva no verão grego.
Como não poderia faltar em uma legítima festa grega, o encontro vai contar com a tradicional quebra de pratos, que Konstantino adianta serem feitos de gesso, para que não ocorram acidentes. "Essa comunidade foi fundada pelos nossos pais e avós e, hoje, cabe a nós preservar, manter e difundir tudo que eles realizaram. A festa é uma prova concreta de que fazemos isso", orgulha-se Kobos.