Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Igreja Católica Apostólica Romana domingo, 03 de julho de 2022

FESTA DO DIVINO PAI ETERNO - DA ÚLTIMA SEXTA-FEIRA DE JUNHO AO PRIMEIRO DOMINGO DE JULHO

FESTA DO DIVINO PAI ETERNO

Raimundo Floriano

(Com dados da Wiquipédia)

 

 

 

 

Santuário Basílica do Divino Pai Eterno na Festa de Trindade.jpg

Santuário Basílica do Divino Pai Eterno - Trindade (GO)

 

 

Festa do Divino Pai Eterno, também conhecida como Festa de Trindade, é um evento cultural que acontece anualmente em TrindadeGoiás. Trata-se de uma celebração religiosa tradicional que transcorre por nove dias, da última sexta-feira de junho ao primeiro domingo de julho, atraindo católicos de todo o país ao município. A festa é registro de um catolicismo popular, marcado pela romaria, sendo a maior peregrinação da Região Centro-Oeste e a segunda maior do Brasil.

O evento tem origem na década de 1840, quando o casal de lavradores Ana Rosa e Constantino Xavier encontraram um medalhão com a figura da Santíssima Trindade no então arraial de Barro Preto e se iniciou um movimento de devoção àquela imagem. Com o passar dos anos, a romaria se consolidou e continuou se expandindo, tendo passado por um processo de institucionalização no final do século XIX e adaptando-se às ordens eclesiásticas no decorrer do século XX. Desde então, inúmeros templos de adoração ao Divino Pai Eterno foram construídos e tornaram-se símbolo da festa, como a Igreja Matriz de Trindade, o Santuário Basílica do Divino Pai Eterno e o Novo Santuário Basílica.

O sagrado e o profano confundem-se na celebração. Há, de um lado, a novena e a piedade popular, marcada pelo percurso dos romeiros pelas vias urbanas e rurais — com destaque ao desfile de carros de boi —, e, de outro, programas não religiosos, como a instalação de barracas comerciais, jogatinas e parques de diversão. Altamente rentável para a cidade de Trindade,[1] em sua maior edição, em 2019, a Festa do Divino Pai Eterno recebeu mais de 3,2 milhões de turistas.

História

Descoberta do medalhão e primeiros anos da romaria

A história da Festa do Divino Pai Eterno remonta à década de 1840, quando o casal de lavradores Ana Rosa e Constantino Xavier encontraram, às margens de um córrego no arraial de Barro Preto, atual Trindade, um medalhão com a imagem da coroação de Virgem Maria pela Santíssima Trindade. A descoberta do ícone deu início a um movimento de devoção à figura do Divino Pai Eterno, que, gradativamente, se expandia e levava mais fiéis à região onde foi encontrado. O arraial estava situado no centro de Goiás e era, mais especificamente, freguesia da cidade de Campininha das Flores, que, anos depois, viria a ser Campinas, bairro de Goiânia. Inúmeros eram os deslocamentos de carros de boi vindos do interior do estado, transportando os sertanejos rumo à casa do casal aos sábados,[5] marca da tradição rural já nos primeiros anos da romaria.

Com a rápida expansão do movimento, Ana Rosa e Constantino Xavier perceberam que não havia mais como reunir todos os romeiros em sua casa. Assim, ambos construíram um rancho que abrangia o córrego onde foi descoberto o medalhão e, em 1843, foi oficialmente realizada a primeira festa. A celebração, naquele ano, contou com missas e procissões, além da presença paralela do comércio, que buscava arrecadar fundos para a construção de uma capela onde permaneceria exposto o medalhão. O sagrado e o profano simultâneos — práticas religiosas e comerciais — perduraram no decorrer da história, mantendo-se como uma das principais características do evento. O deslocamento ritualístico de carros de boi, as músicas interioranas e a chegada dos fiéis ajoelhados também já eram presentes na primeira edição da festa.

 

 
Capela construída por Ana Rosa e Constantino Xavier em 1848. Nela, estava exposto o medalhão encontrado pelo casal.
 

Em 1848, o casal de lavradores conseguiu erguer a capela desejada. A princípio, a capela, às margens do curso-d'água, era coberta com folhas de buriti. Tratava-se da primeira construção onde a figura da Santíssima Trindade ficaria à mostra para os devotos, transportada nas décadas seguintes para locais maiores. No mesmo ano, também se iniciou outra tradição: a festa transcorreria por nove dias, finalizando no primeiro domingo do mês de julho. Com esse intenso movimento de pessoas, a imagem do medalhão desgastou-se, e, em 1850, Constantino Xavier pediu ao escultor José Joaquim da Veiga Valle, de Pirenópolis, que produzisse uma réplica maior em madeira, também exposta ao público.

Outra capela, de alvenaria e coberta por telhas, foi concebida em 1866. Aos poucos, as construções do arraial acompanhava o crescimento do número de habitantes e de fiéis e a ampliação da romaria, por mais estradas e trilhos de Goiás, chamando cada vez mais pessoas à celebração anual. A Festa do arraial da Santíssima Trindade de Barro Preto, como era conhecida, avançava na segunda metade do século XIX, sob a permanência de ritos e superstições e a tradição da caminhada pelas terras goianas, com animais arreados, rosários, cruzes, bandeiras e seguidos pelas manifestações de piedade, registro de um catolicismo popular.

Institucionalização e conflitos locais

 

 
Missionários redentoristas alemães levados para o distrito de Barro Preto em 1894 para controlar as atividades religiosas.
 

Ao constar a propagação das práticas religiosas, inclusive a própria festa, o bispo Joaquim Gonçalves de Azevedo incentivou a construção de uma capela ainda maior em 1888, administrada por uma comissão de leigos. Esse grupo se autointitulou a Irmandade, responsável pela organização de programas festivos no arraial, como missas, novenas e feiras livres. A festa, a cada ano maior, presenciava a solenidade ritual e a devoção em torno da imagem do Divino Pai Eterno ao mesmo tempo em que comércios, jogos de azar, cantorias e danças ocorriam ao ar livre.[2]

No entanto, após a nomeação do bispo Eduardo Duarte e Silva à Diocese de Goiás, a condução da festa sofreu algumas modificações. Estava por trás dessas mudanças o desejo de cristianizar a romaria e ter acesso ao dinheiro arrecadado no evento, decisões que entraram em conflito com a Irmandade e com lideranças locais.[16] Os eventos profanos e o desconhecimento da quantia movimentada pelo arraial foram a justificativa de D. Eduardo para tentar transformar a piedade popular num processo de santificação.

Barro Preto insignificante arraial só era conhecido pelos muitos milagres que a simplicidade do povo, atribuía não a Deus e sim (...) aquêle grupo de pequenas imagens e até que eu lá instalace os Padres Redentoristas, não passava de um lugar onde por doze dias acodiam negociantes de todo o Estado de Goiás, boiadeiros, mascates, mulheres de má vida, circos de cavalinhos e milhares de supertições, devotos que lá iam pagar as suas promessas, não poucas vêzes feitas para obterem de Deus cousas contra a moral Cristã: Vinganças, separações de casais, adulterios e etc.!
Quanta indecência! Quanta ignorância! Quanta ofença a higiene!

Segundo o então bispo de Goiás, a dança, os jogos, as bebidas e a prostituição que marcavam a festa popular precisavam ser excluídos de uma celebração cristã e, para tanto, necessitava-se de uma extrema institucionalização, que colocava à frente da organização do evento nomes oficiais da igreja. O padre Francisco Inácio de Sousa foi nomeado por D. Eduardo para administrar a capela e os movimentos à sua volta, e missionários redentoristas naturais do estado de Baviera, na Alemanha, foram levados para Goiás após uma viagem do bispo a Roma. Dentre os alemães que mais se destacaram nas missões a que foram colocados estão Antão Jorge Hechensblarkner e Pelágio Sauter, que foram figuras importantes para o levantamento de construções maiores que a capela. Coube aos missionários, além de divulgar a voz do catolicismo aos moldes formais da igreja, controlar os cofres públicos do templo e da região.

Na edição de 1896, tornou-se mais evidente as mudanças promovidas por D. Eduardo. A atuação dos missionários e padres redentoristas refletiu-se numa programação festiva que contemplava apenas o lado solene, restringindo a atividade dos comércios e, por consequência, as atividades de lazer a que estavam acostumados os romeiros. Esse novo cenário acarretou o descontentamento daqueles que frequentavam a festa e levou a um decréscimo de participantes nos anos seguintes. Além disso, as imposições do bispo também desagradaram autoridades locais e conduziram ao enfrentamento direto entre D. Eduardo e coronel Anacleto Gonçalves de Almeida.

Por conta dos conflitos, o bispo assinou em 1900 o Interdito, que prescrevia a interrupção do evento. Após pressão popular e coronelista, a decisão foi revertida em 1903, e a festa voltou a ocorrer com a presença simultânea do comércio e das práticas religiosas.

Expansão e amplitude nacional

 

 
Parque de diversões erguido em uma das edições da festa nos anos 1950.
 

A ocupação desordenada e a população numerosa que transformaram a paisagem do pequeno arraial davam os contornos do que viria a ser a cidade de Trindade.[Nos primeiros anos do século XX, a festa continuou se desenvolvendo e foi essencial para a fundação do município em 1920. A Igreja Matriz de Trindade, construída em 1912, no mesmo local onde fora erguida a primeira capela com folhas de buriti, torna-se símbolo principal da peregrinação, o ponto de chegada dos romeiros que partem rumo à devoção ao Divino Pai Eterno. Cerca de 15 mil pessoas compareciam à festa nesta época.

Tradicionalmente, homem e mulher sertanejos do interior de Goiás preparavam-se em maio e junho para a romaria e deslocavam-se em carros de boi pelas estradas em busca do sagrado. Outros preferiam chegar à região isolados ou em grupos menores, por caminhadas ou ajoelhados sem a boiada. Pouco a pouco, os modos de se chegar à atual Trindade diversificavam cada vez mais, sem perder as tradições. Nos nove dias que antecediam o primeiro domingo de julho, uma espécie de feira-festa instalava-se no território, mantendo as práticas religiosas, já centralizadas pela presença da igreja, ao lado da movimentação popular, que montava nas ruas barracas que comercializavam produtos extremamente variados, como comidas, bebidas, artigos religiosos e até eróticos.

Com o crescimento da peregrinação, outra instituição foi planejada para recepcionar os romeiros. Em 1946, foi lançada a pedra fundamental do Santuário Basílica do Divino Pai Eterno por ordens do arcebispo Emanuel Gomes de Oliveira; as obras, no entanto, começaram apenas em 1957 por determinação de D. Fernando Gomes dos Santos. Planejada para receber 10 mil pessoas, a igreja foi inaugurada em 1974, doze anos após o início de sua construção. Percebe-se, portanto, a adaptação da festa às ordens eclesiásticas no decorrer do século XX, mantendo o catolicismo popular. Neste período, muitas foram as associações religiosas firmadas em Trindade, como o Apostolado da Oração, a União Filhos de Maria e a Congregação Mariana.

No século XXI, a festa passou a receber mais destaque no âmbito nacional, atraindo turistas de outros estados e sendo noticiada e televisionada no Brasil e internacionalmente. Tendo em vista o crescimento exponencial, em 2004, autoridades religiosas fundaram a Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), interessada em agrupar devotos e disseminar práticas cristãs por meio de vários projetos, como a TV Pai Eterno. Em 2016, procurou-se recolher assinaturas de romeiros para a visita do papa Francisco ao Santuário.[34] Em 2020, após décadas ininterruptas de realização, o evento foi cancelado em decorrência da pandemia de COVID-19. No ano seguinte, em 2021, com a permanência do período pandêmico, foi realizada virtualmente com programação reduzida.

 

 


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