Conheça a origem da Festa da Divina Misericórdia, o seu significado e aprenda como lucrar a indulgência plenária nessa celebração.
Redação (Quarta-feira, 15-04-2020, Gaudium Press) Todos os anos, a Igreja celebra, no segundo domingo do tempo pascal, a Festa da Divina Misericórdia. A celebração foi instituída oficialmente pelo Papa São João Paulo II no ano 2000, durante a cerimônia de canonização de Santa Faustina.
A Festa da Divina Misericórdia está baseada em revelações privadas feitas por Nosso Senhor Jesus Cristo a Santa Faustina Kowalska, que transmitiu as mensagens sobre a Divina Misericórdia ao povoado da cidade polonesa de Plock no ano de 1931.
Dizia nosso Redentor a Santa Faustina: “Causam-me prazer as almas que recorrem à Minha misericórdia. A estas almas concedo graças que excedem os seus pedidos. Não posso castigar, mesmo o maior dos pecadores, se ele recorre à Minha compaixão, mas justifico-o na Minha insondável e inescrutável misericórdia” [1].
Durante suas revelações a Santa Faustina, Nosso Senhor também ressaltou sua segunda vinda, prometendo retornar em glória para julgar o mundo no amor, como está descrito no Evangelho de São Mateus (Capítulos 13 e 25).
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“Fala ao mundo da Minha misericórdia, que toda a humanidade conheça a Minha insondável misericórdia. Este é o sinal para os últimos tempos; depois dele virá o dia da justiça. Enquanto é tempo, recorram à fonte da Minha misericórdia” (Diário, 848).
Na época em que se instituiu a Festa da Divina Misericórdia, a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos emitiu um decreto no qual se estabeleceu que “por todo o mundo, o segundo Domingo da Páscoa irá receber o nome de Domingo da Divina Misericórdia, um convite perene para os cristãos do mundo enfrentarem, com confiança na divina benevolência, as dificuldades e desafios que a humanidade irá experimentar nos anos que virão”.
O Cardeal Joseph Ratzinger, atual Papa Emérito Bento XVI, assegurou que “frequentemente as revelações privadas provêm da piedade popular e nela se refletem, dando-lhe novo impulso e suscitando formas novas. Isto não exclui que aquelas tenham influência também na própria liturgia, como o demonstram, por exemplo, a festa do Corpo de Deus e a do Sagrado Coração de Jesus”.
Durante a Festa da Divina Misericórdia é possível obter indulgência plenária. Para isso os fiéis devem viver com piedade intensa esta celebração. São João Paulo II estabeleceu, através de um decreto, que o Domingo da Divina Misericórdia seja enriquecido com a Indulgência Plenária “para que os fiéis possam receber mais amplamente o dom do conforto do Espírito Santo e desta forma alimentar uma caridade crescente para com Deus e o próximo e, obtendo eles mesmos o perdão de Deus, sejam por sua vez induzidos a perdoar imediatamente aos irmãos”.
Nosso Senhor misericordioso prometeu conceder as seguintes graças no dia da Festa da Divina Misericórdia:
“A alma que se confie e receba a Santa Comunhão obterá o perdão total das culpas e das penas. Nesse dia estão abertas todas as comportas divinas através das quais fluem as graças. Quem nesse dia se aproximar da Fonte de Vida receberá o perdão total das culpas e das penas”.
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“Não encontrará alma nenhuma a justificação até que se dirija com confiança à Minha misericórdia. Nesse dia os sacerdotes devem falar às almas sobre Minha misericórdia infinita”.
Jesus também enfatizou a Soror Faustina que Sua Misericórdia é a última tábua de salvação que oferece à humanidade. “As almas morrem apesar de Minha amarga Paixão. Lhes ofereço a última tábua de salvação, quer dizer, a Festa de Minha Misericórdia. Se não adorarem Minha Misericórdia morrerão para sempre”.
A famosa imagem da Divina Misericórdia foi revelada a Santa Faustina pelo próprio Nosso Senhor Jesus Cristo, que pediu a ela para que a pintasse, e depois explicou todo o significado por de trás de cada detalhe, além dizer o que os fiéis podem alcançar através dela.
A imagem é um símbolo da caridade, do perdão e do amor de Deus, conhecida como a “Fonte da Misericórdia”. As versões, em sua maioria, mostram Jesus levantando sua mão direita em sinal de bênção e apontando com sua mão esquerda o peito do qual fluem dois raios: um vermelho e outro branco.
“O raio pálido significa a Água que justifica as almas; o raio vermelho significa o Sangue que é a vida das almas (…) Feliz aquele que viver à sua sombra, porque não será atingido pelo braço da justiça de Deus” (Diário, 299).
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Dentre o conjunto de orações usadas como parte da devoção à Divina Misericórdia está o Terço da Divina Misericórdia, que costuma ser rezado às 15h, utilizando as contas do terço comum, mas com um conjunto diferente de orações.
Inicia-se rezando o Pai Nosso, a Ave Maria e o Credo. Em seguida, nas contas do ‘Pai Nosso’, recita-se: “Eterno Pai, eu Vos ofereço o Corpo e Sangue, Alma e Divindade de Vosso diletíssimo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, em expiação dos nossos pecados e do mundo inteiro”. Já nas contas da ‘Ave Maria’, se reza: “Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro”. Por fim, deve-se rezar três vezes: “Deus Santo, Deus Forte, Deus Imortal, tende piedade de nós e do mundo inteiro”.
Nosso Senhor também confiou à Santa Faustina a Coroinha da Divina Misericórdia, entregando várias promessas. “Quem a rezar obterá através dela que tudo o que peça se realize, sempre e quando estiver de acordo com a vontade de Deus”.
Quem orar a Coroinha da Divina Misericórdia receberá misericórdia, sobretudo na hora da morte, e os sacerdotes a recomendarão aos pecadores como última tábua de salvação. “Defenderei com Minha própria Glória a cada alma que reze esta Coroinha na hora da morte, ou quando os demais a rezem junto ao agonizante, que obterão o mesmo perdão”.
A liturgia deste domingo trás a figura do “apóstolo incrédulo”, São Tomé. Na primeira aparição de Jesus Ressuscitado aos apóstolos, São Tomé não estava entre eles: “Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus” (Jo 20, 24). Assim que o encontraram os apóstolos com alegria anunciaram-lhe a ressurreição do Mestre. No entanto a atitude de São Tomé foi de obstinação e presunção [2]: “Se eu não ver nas suas mãos a abertura dos cravos, se não meter a minha mão no seu lado, não acreditarei” (Jo 20, 25).
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Não podia São Tomé imaginar que estava dando a oportunidade ao Senhor da Misericórdia de mostrar-lhe quanto o amava. Uma semana após a primeira aparição, nosso Senhor age com Tomé com extrema bondade, adiantando-se a ele, diz: “Mete aqui o teu dedo e vê as minhas mãos, aproxima também a tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas fiel” (Jo 20, 27).
Diante de tamanha misericórdia, resta ao “incrédulo” proclamar, como um teólogo, a humanidade e a divindade de nosso Senhor: “Meu Senhor e meu Deus” (Jo 20, 28).
Para receber a Misericórdia de Jesus, sobretudo na Festa da Divina Misericórdia, é necessário aproximar-se ao Senhor com um coração contrito e humilde, arrepender-se dos pecados, confiar firmemente na Divina Misericórdia de Jesus Cristo e aproximar-se do sacramento da Confissão nesse dia ou sete dias antes ou depois. Receber a Comunhão Eucarística, venerar a imagem da Divina Misericórdia, e praticar as obras de misericórdia.
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Toda a humanidade é convidada a beneficiar-se desta fonte infinita e inconcebível de misericórdia: “Que toda alma glorifique a Minha bondade. Desejo a confiança das Minhas criaturas; exorta as almas a uma grande confiança na Minha inconcebível misericórdia. Que a alma fraca, pecadora, não tenha medo de se aproximar de Mim, pois, mesmo que os seus pecados fossem mais numerosos que os grãos de areia da Terra, ainda assim seriam submersos no abismo da minha misericórdia” [3].
Procuremos viver na confiança desta misericórdia e divulgar quanto nos for possível esta devoção. “Desejo que os sacerdotes anunciem essa Minha grande misericórdia para com as almas pecadoras. Que o pecador não tenha medo de se aproximar de Mim. Queimam-me as chamas da misericórdia; quero derramá-las sobre as almas” [4]. (EPC)