Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Estadão terça, 04 de agosto de 2020

FERNANDA TORRES FALA DE TAPAS & BEIJOS E LIÇÕES DA PANDEMIA

 

Fernanda Torres fala de ‘Tapas & Beijos’ e lições da pandemia: 'Não vejo uma mudança profunda'

Série de sucesso, em que a atriz dividia o protagonismo com Andréa Beltrão, volta a ser exibida a partir desta terça, 4, na Globo; Fernanda estará também na nova série 'Amor e Sorte', com a mãe Fernanda Montenegro

Adriana Del Ré, O Estado de S.Paulo

04 de agosto de 2020 | 05h00

Com a pandemia, a atriz e escritora Fernanda Torres viu a estreia da peça com o diretor Felipe Hirsch, inspirada em Adão e Eva no Paraíso, de Eça de Queiroz, ser adiada e as gravações da série Fim, baseada em seu livro, suspensas. E, enquanto não for possível retomá-los, os projetos presenciais da atriz foram substituídos pelas produções do confinamento. Além de interpretar uma terapeuta na série Diário de Um Confinado, estrelada por Bruno Mazzeo, disponível no Globoplay, Fernanda gravou com a mãe, Fernanda Montenegro, e sob direção do marido, Andrucha Waddington, um dos episódios da série Amor e Sorte, no sítio onde estava confinada com a família, na região serrana do Rio. A série, de Jorge Furtado, deve estrear em setembro na Globo – e contará com outras duplas de atores que estão juntos no isolamento, como Lázaro Ramos e Taís Araujo

Também por causa da pandemia, as mudanças na grade de programação da emissora trazem de volta nesta terça, 4, a série cômica Tapas & Beijos, protagonizada por Fernanda e Andréa Beltrão. Exibido entre 2011 e 2015, o programa, de Claudio Paiva, traz Fernanda como Fátima e Andréa como Sueli, amigas que moram no subúrbio carioca e trabalham em Copacabana, na Djalma Noivas – e é naquele cenário onde se desenrola toda a vida delas, inclusive amorosa. As atrizes dividem a cena com nomes como Fábio AssunçãoVladimir Brichta e Flávio Migliaccio, que morreu em maio.

 

Claudio Paiva atribui o sucesso da série "ao elenco, à direção e às boas histórias" que ele escreveu com a equipe. "Os conflitos humanos sempre vão render boa ficção. Tapas & Beijos se mantém no ar na TV a cabo, e agora está voltando à TV aberta. Não imaginava que fosse ficar esse tempo todo sendo exibida", diz ele. O diretor Mauricio Farias conta que a série foi pensada para ter poucas temporadas. "Tínhamos uma expectativa inicial de 2 ou 3 temporadas. Ficamos 5 anos no ar e, quando saímos, a Globo nos disse que poderíamos voltar a hora que quiséssemos. Não é que voltamos!"  

Fernanda conversou com o Estadão, do Rio, por videoconferência.

 

Fernanda Torres
A atriz e escritora Fernanda Torres, em sua casa, no Rio. Foto: Victor Pollak/Globo/Videochamada

Como vê Fátima e Sueli hoje?

São personagens muito atuais ainda. São duas mulheres trabalhadoras. Elas não tiveram filhos, não se casaram. É uma série sobre gente que trabalha, que passa mais tempo no trabalho que com a própria família. Então, todos os problemas pessoais, as relações afetivas acabam passando pelo trabalho, que é a realidade de grande parte da população brasileira. E Fátima e Sueli foram criadas na época da ascensão da classe C. Era uma época em que o Brasil estava empregando muito, então estavam todos empregados na série. O Claudio Paiva falou: hoje elas estariam na fila dos R$ 600. E aquela rua inteira estaria fechada: o Djalma Noivas, que vive de casamentos, estaria falido, o restaurante do Seu Chalita estaria fechado, primeiro porque não temos mais o Seu Chalita, infelizmente, e depois porque os restaurantes fecharam. A La Conga, a boate, estaria fechada, e talvez só o Armane, com aquela lojinha de produtos chineses, estaria vendendo online. Hoje seria ainda atual, porque acho que hoje trataria das pessoas que perderam seu emprego.

Atualmente, são usados termos como empoderamento feminino, masculinidade tóxica... As duas representam muito esse empoderamento que se fala hoje, são independentes...

É, mas existe uma coisa interessante na série, porque não é só a questão da mulher, tem também a questão de raça, de gênero. O personagem do Orã (Figueiredo) era casado com um travesti. O Armane seria o macho tóxico, mas, ao mesmo tempo, era condenado tanto à mulher quanto à amante, aquilo era quase algo trágico. O que quero dizer é que acho que o Tapas trazia tudo isso, mas não de uma forma panfletária. Às vezes, sinto que esses temas são abordados através de um espírito um pouco acusatório, como se a arte fosse ensinar as pessoas a viver. E acho que o Tapas fazia isso discutindo esses temas sem impô-los. 

O elenco se reencontrou pelo Zoom, e imagino a tristeza pela morte do Flávio Migliaccio.

O Flávio era um ator incrível, com a herança do (Teatro de) Arena, com a herança de uma época em que o Brasil perseguia essa questão do homem brasileiro. Meu primeiro contato com o Flávio foi no (Aventuras comTio Maneco, que é a estreia do Mauricio (Farias, diretor de ‘Tapas & Beijos’) com 10 anos, ele é um dos meninos do Tio Maneco. Falei disso com o Mauricio: você estreou como ator no Tio Maneco dirigido pelo Flávio, e o último trabalho da vida dele foi com você. Flávio se foi dizendo: o que minha geração lutou não aconteceu, que é uma frustração muito grande, eu sinto nessa geração, que lidou com a ditadura militar, que participou dos atos pró-democracia, que viu a social-democracia ascender ao poder e, de repente, a gente chega ao mundo de hoje. Por tudo isso, é uma coisa muito forte a falta do Flávio. 

Além de Diário De Um Confinado, você gravou Amor e Sorte, que é também uma série da quarentena.

Foi uma loucura, porque o Jorge (Furtado) me ligou e disse que tinha criado uma série para duplas de atores que estão ‘quarentenados’. O Silvio de Abreu falou: a Nanda está na serra com o Andrucha. Então, todos os outros foram dirigidos remotamente, mas a gente tinha o Andrucha. A gente filmava horas por dia, noturnas. Mas foi uma experiência incrível com a família. Ele acabou fazendo um filme normal. 

 

Fernanda Torres
Fernanda Torres, Flávio Migliaccio e Andréa Beltrão em cena da série 'Tapas & Beijos'. Foto: Estevam Avellar/Globo

Como será o episódio seu e de Fernanda Montenegro?

Foi tudo escrito rápido. Entre o Jorge falar e a gente começar, foram dez dias. A princípio, ele me chamou para escrever. Eu disse: vai ser esquisito escrever para mim e para minha mãe. Falei: vamos chamar o Antônio Prata. E o Prata, com o Chico Mattoso, desenvolveu algo muito legal, uma espécie de inversão. Uma mãe que foi jovem nos anos 1960, 70, uma mulher que foi livre, e com 90 anos está danada da vida. Era um pouco falar dessa questão da terceira idade que, de repente, tem que ser confinada, tem risco de vida, não pode fazer nada. Aí a gente fez a filha em home office, que mora em São Paulo, do mercado financeiro, que atualmente está tendo de demitir pessoas. E essa filha pega o carro, pega a mãe na praia tomando caipirinha, põe no carro, e sequestra a mãe para isolá-la no mato. São esses dois mundos, e acaba que a quarentena aproxima as duas. 

Qual lição vai ficar dessa pandemia?

Lição eu não sei, acho que a pandemia vai interferir no mundo. Acho que o negacionismo do Trump talvez custe a ele a eleição. Então, todo esse posicionamento anticiência que a gente viu crescer de maneira tão assombrosa nos últimos anos, terraplanista, fundamentalista, isso talvez sofra um revés por causa da pandemia. Não estou dizendo que o mundo será melhor ou pior, mas acho que o que está acontecendo com o Trump nos EUA diz alguma coisa sobre essa visão anticientífica. Agora, acho que, assim que sair uma vacina, rapidamente o mundo voltará a poluir como nunca, a devastar como nunca. Não vejo uma mudança profunda.


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