Troy Maxson guarda um grande rancor que alimenta durante anos por não ter tido a chance de ser um jogador profissional de baseball por falta de oportunidades devido a sua cor, mesmo com sua habilidade excepcional. Devido ao grande preconceito vivido ele se nega a aceitar que seu filho Cory (Jovan Adepo) passe pelas mesmas dificuldades que ele enfrentou durante sua vida e considera a tentativa do filho de querer ser o que ele tentou ser e foi impedido, uma perda de tempo.
Embora não o demonstre no dia a dia, Troy é um homem muito amargo. E a vida lhe contribuiu muito para isso. Ele leva a vida trabalhando em um caminhão de lixo junto com seu amigo de muitos anos Jim Bono (Stephen Henderson) e tem a ambição de se tornar motorista do caminhão, cargo esse que ele considera pertencer a homens brancos. Troy é casado há 18 anos com Rose Maxson (Viola Davis), numa interpretação memorável da atriz, na pele de uma mulher muito forte e destemida.
Fences é um filme muito forte e muito bem elaborado, mostra a história vivida na pele por Troy, a dor e coragem de Rose, a objeção e a luta de Cory. Russell Hornsby vive Lyons, o filho mais velho de Troy com outra mulher. Destaque para a atuação de Mykelti Williamson que mostra o lado problemático e perturbado de Gabe, o irmão de Troy.
Há quem diga que Denzel Washington funcione mais como ator do que como diretor e em Fences com certeza sua atuação é muito mais vista e destacada do que sua direção. Acho até por isso que sua indicação ao Oscar foi somente a de melhor ator. Foco na expressão e nos olhos de Denzel durante o filme, ele nos passa um pai de família com seus costumes e atitudes a moda antiga e consegue mostrar o quanto é grandioso o seu trabalho e elogiar as atuações de Denzel é simplesmente chover no molhado.
Sua indicação ao Oscar de melhor ator foi merecidíssima, mesmo não ganhando, e não haveria espanto nem um pouco se ele tivesse arrebatado a estatueta. Agora Viola Davis, com aquela apresentação grandiosa, maravilhosa, de encher os nossos olhos de alegria e lágrimas. Ela incorpora a Rose de uma maneira perfeita e magistral. Belíssimo trabalho entregue por essa maravilhosa e talentosíssima atriz.
“Um Limite Entre Nós” é um filme que se desenvolve de uma maneira bem interessante. O longa começa com Troy tentando parecer engraçado, quando não tem nada disso dentro dele. A história vai se encontrando na medida em ela se desenrola para os espectadores e seu cerne central encontra-se na figura de Troy, um homem que é a representação exata de uma criação dura, o produto fiel de uma realidade inóspita e que aprendeu, da maneira mais difícil, quais eram as suas responsabilidades como homem e pai de família. Na sua cegueira diante do papel que exerce, ele se impede de enxergar as mudanças ao seu redor e de ter compaixão por aqueles que mais o amam. Essa é uma lição que a teimosia de Troy não vai deixá-lo aprender, mas que vai ser de muita valia para aqueles que estão ao seu redor.
Um Limite entre Nós (Legendado)
FENCES (Um Limite Entre Nós) | Crítica