FELIPÃO X BARBOSA: DOIS PESOS E MUITAS MEDIDAS
Paulo Azevedo
Até o mais furreca peladeiro não admitiria perder por sete a um. A pelada acabaria na hora, e quem perdeu sairia xingando o companheiro de time.
Agora, vamos sem paixão, vamos pela razão. País dito o país do futebol, disputando uma Copa do Mundo em casa, leva uma lapada de sete na semifinal de uma seleção normal.
Agora, jogando uma final e perde por dois a um de uma grande seleção da época. Um treinador arrogante de difícil diálogo, amante do jogo desleal e defensor da vitória a qualquer custo; um goleiraço negro, multicampeão em sua equipe, simples, humilde... Quem dos dois foi julgado, condenado e punido pela opinião pública?
Por cinquenta anos, nosso Barbosa carregou o pesado fardo da derrota em 1950, até proibido de ir na Granja Comary ele foi. Tinha um olhar triste, algo como pedindo desculpas eternas, suas entrevistas eram doídas. Morreu assim.
Já o outro, aquele comandante do sete a um, é idolatrado, respeitado mesmo com sua contumaz empáfia. Mas ele ganhou a Copa de 2002, problema da copa. Cruyff, Eusébio, Zico, Platini, Messi, (até agora), Cristiano Ronaldo não ganharam, já Viola, Ronaldão, Paulo Sergio, Gilmar Rinaldi ganharam.
Ninguém deveria pagar por um erro que não cometeu, e mesmo aquele que errou deveria ser absolvido, afinal de contas, o sete a um foi um habeas corpus para o grande treinador.