Em 16 de janeiro de 1979, o avião que levava o xá do Irã, Mohammed Reza Pahlvevi, e sua mulher, a imperatriz (ou xabanu) Farah Diba, fez o percurso entre Teerã e Assuã, no sul do Egito. Receberam-nos o então presidente, Anuar Sadat, sua mulher e sua filha, agindo como se tratasse de uma visita de Estado qualquer. Mas aquela foi apenas a primeira parada de muitas (como Marrocos, Bahamas e México) que marcariam o exílio eterno do casal imperial e de seus quatro filhos. No dia 1º de fevereiro, qualquer esperança de voltar ao poder se esvaiu, com o retorno a Teerã do aiatolá Ruhollah Khomeini, que deu início à Revolução Islâmica. O novo líder exigiu a volta imediata do xá, para que ele fosse julgado, e a devolução de cerca de US$ 36 bilhões que ele teria supostamente tirado do Irã. Além disso, ameaçou com represálias qualquer país que acolhesse a família imperial — quando o presidente americano Jimmy Carter autorizou o xá a se tratar de um câncer num hospital em Nova York, a resposta veio na forma da invasão da embaixada dos Estados Unidos em Teerã, onde estudantes mantiveram 52 pessoas reféns durante 444 dias. O xá acabou se asilando novamente no Egito, e ali morreria em 27 de julho de 1980, aos 60 anos. Até hoje, a viúva visita seu túmulo anualmente.
O motivo do nosso encontro é o lançamento de “Iran Modern: The empress of art” (Assouline), um livro monumental que reúne a coleção de arte moderna e contemporânea que ela começou a amealhar no final dos anos 1960 para construir o que hoje é o Museu de Arte Contemporânea de Teerã (TMoCA). Trata-se de um dos mais importantes acervos do gênero fora da Europa e dos Estados Unidos, com obras de Vincent Van Gogh, Claude Monet, Edgar Degas, Pablo Picasso, Mark Rothko, Marc Chagall, Jackson Pollock, Georges Braque, Cy Twombly, Joan Miró, Roy Lichtenstein, Alexander Calder e Henry Moore, só para citar alguns. Na capa, figura um dos famosos retratos de Farah realizados por Andy Warhol. A publicação, que pesa nove quilos, começou a ser organizada quatro anos atrás, quando a consultora de arte Viola Raikhel-Bolot e a escritora Miranda Darling, ambas australianas, propuseram a ideia à imperatriz. Elas também estão filmando um documentário sobre a vida de Farah Diba.