FANTAS MAS
Gonçalves Dias
Ia a lua pelos ares
Docemente equilibrada
Qual linda concha embalada.
Era tuto amor – dormente
Era a mesma solidão
Porém eis que de repente
Corre de vento um pegão.
Morrendo a luz feiticeira
Morre o brilhante do céu
Que da lua a face inteira
Cobre denso opaco véu.
Das trevas o véu rasgando
Fuzila breve clarão
No escuro espaço rolando
Rouqueja horrível trovão.
Ruge a longe o mar raivoso
Perto – o vento no arvoredo
No cemitério medroso
Surgem fantasmas de medo
Passando ao través dos muros
Que do mundo os separava
Penetram no templo escuro:
Mudo e triste o templo estava.
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