A Casa sem ninguém, dentro ou fora, é adormecida pelo vento das lembranças do que se foi. Fantasmas dormem por ali e, quase nunca, vagueiam pelas varandas escuras ao lado de pirilampos e vagalumes de luzes desacendidas. Na confusão da fumaça que embaça os vitrais da porta semi-aberta, ou semi-fechada, um vulto passeia, cabelos em desarrumo, roupas brancas e esfarrapadas. Qual a sua missão? O que faz ali? De mãos dadas com o tempo, aquela senhora vai ao quintal, colhe flores e deposita-as na jardineira sem areia, sem chuva e sem perspectiva de qualquer futuro. Mas o faz. É sua missão florir a vida até onde vida não há. Ou até quando for possível fazê-lo. A lua vai embora, os fantasmas despertam e esperam novos ventos para que a casa de novo lhes faça companhia e adormeça.
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