Palavras viram moda sem querer. Ninguém as inventa. Elas estão quietinhas, guardadas no baú da língua. Aí, acontece. Alguém as tira de lá. Surpreende. As antes desconhecidas ganham notoriedade. Há exemplos pra dar, vender e emprestar. Quer ver?
Marajá
Fernando Collor descobriu marajá. Buscou-a na Índia. Lá, o vocábulo dava nome aos príncipes e endinheirados do país. Aqui, passou a designar o funcionário público que recebe altos salários. Mas o alagoano generalizou. Botou no mesmo saco os privilegiados e os barnabés. Virou piada.
Nhem-nhem-nhem
FHC lançou o nhem-nhem-nhem. Pescou-o no tupi. Na língua dos índios, o trio quer dizer falar, falar, falar. Na nossa, mais ou menos a mesma coisa. É resmungo, falação interminável.
Tró-ló-ló
O tucano José Serra ressuscitou tró-ló-ló. A danadinha tem origem onomatopaica. É como au-au, miau-miau, toque-toque. Imita vozes ou ruídos. Os três monossílabos significam música ligeira, fácil de entoar. Por extensão, conversa vazia, lero-lero.
Tosco
Bolsonaro não é o autor. Mas inspirou a palavra tosco. A dissílaba virou praga. É um tal de discurso tosco pra cá, debate tosco pra lá, trabalho tosco pracolá. A popularidade provocou corrida ao dicionário. De onde vem a ilustre criatura?
Nada bom
Os romanos desprezavam os moradores de Vicus Tuscus, bairro romano onde viviam os etruscos. Deram, por isso, acepção pejorativa a tuscus, que passou a significar devasso, vil, libertino. Com o tempo, perdeu-se esse sentido. Hoje, tosco quer dizer tal como veio da natureza, bronco, rude. Em bom português: sem refinamento.