Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo terça, 28 de abril de 2020

ESTRELAS DA MÚSICA POP REVIVEM ESTILO DOS ANOS 1990

 

De Dua Lipa a Ariana Grande, estrelas da música pop revivem estilo dos anos 1990

Tirando inspiração da infância, artistas recriam estilo, som e videoclipes do auge de artistas como Britney Spears, Jennifer Lopez e N'Sync
 
Colagem de figuras do pop atual e de astros da música nos anos 1990: referências recorrentes Foto: Arte de Margeaux Walter / NYT
Colagem de figuras do pop atual e de astros da música nos anos 1990: referências recorrentes Foto: Arte de Margeaux Walter / NYT

 

 
 

RIO - O vídeo colorido de “Break my heart”, canção de Dua Lipa, parece se desenrolar num período indeterminado — ou na flutuante atemporalidade do videoclipe pop. Ao longo de quase quatro minutos, a cantora britânica e seus dançarinos desfilam em minissaias e babados sobre uma pista de dança azul-marinho. As cenas parecem extraídas do filme “As patricinhas de Beverly Hills”, de 1995. O álbum de Dua Lipa ainda tem um título oportuno: “Future nostalgia” (“Nostalgia do futuro”, em tradução livre).

Algo nessa frase cristaliza uma estética que vem borbulhando ao longo dos últimos anos, quando uma geração de artistas nascidos nos anos 1990 ganhou o estrelato musical e começou a controlar as tendências emergentes da música pop. São nomes como Ariana Grande (nascida em 1993), Normani (de 1996), Charli XCX (de 1992), Troye Sivan (de 1995), Summer Walker (de 1996) e SZA (de 1990). Todos eles têm criado letras e videoclipes que parecem recordar e, de certa forma, reescrever suas primeiras memórias musicais.

A nostalgia dos anos 1990 está longe de ser uma novidade: o cenário da cultura pop segue repleto de marcas do início daquela década. Mas o tempo avança, e um passado de aproximadamente 20 anos atrás se torna estiloso novamente. Agora, os artefatos pop quase esquecidos do final do segundo milênio — as boy bands, os flashs futuristas e a purpurina em excesso — estão sendo redescobertos e transformados pelas estrelas mais jovens.

A moda e o design já haviam entendido, antes, essa tal "nostalgia do futuro". Em 2016, Evan Collins criou um Tumblr popular chamado Institute for Y2K Aesthetics, descrito como um compêndio de artigos "de uma época em que o futuro era calça de couro apertada, sombra prateada, roupas brilhantes, óculos prateados e aparelhos eletrônicos esquisitos".

 

Em julho de 2019, a revista "GQ" publicou uma matéria sobre por que, de repente, influências dos anos 2000 se tornaram a coisa mais quente do mundo das roupas vintage. Ousado e obcecado por projeções sobre o futuro, o estilo daquela janela de tempo entre 1995 e 2001 foi o resultado de uma “mistura de entusiasmo e ansiedade com a expansão da tecnologia na virada do milênio", como observou a escritora Erin Schwartz.

O mesmo aconteceu com a música, à época.

Fusão do 'artificial' com o 'real'

A era do bug do milênio coincidiu com o surgimento do pop adolescente cantado por nomes como Britney Spears, N’ Sync e Backstreet Boys, além do R&B futurista de TLC, Destiny’s Child e Aaliyah. O que unia todos esses sons era uma fusão “ciborguiana” do “artificial” e do “real”: o violão sob o brilho digital de “No scrubs”, do TLC; a nota de piano que martela o mesmo som, processado digitalmente por Spears.

Naquela época, a indústria da música continuava otimista e endinheirada — antes de ser afetada pela internet e o compartilhamento de arquivos MP3. As gravadoras apostavam felizes em estrelas em potencial e desembolsavam altas quantias em videoclipes conceituais. 

Britney Spears em show na Apoteose Foto: Fabio Rossi / Agência O Globo
Britney Spears em show na Apoteose Foto: Fabio Rossi / Agência O Globo

Mas algo pareceu fora do lugar quando Ariana Grande, atração principal do Coachella em 2019, anunciou seus convidados surpresa: quatro dos cinco membros do N’Sync. O roteiro havia mudado: a jovem fã agora era a artista toda-poderosa. “Eu venho ensaiando toda a minha vida para este momento”, disse Ariana para a multidão — e os galãs futuristas do passado estavam reduzidos a amáveis figuras nostálgicas.

Variações na estética dos anos 2000 vêm se infiltrando, há muito tempo, fora do mainstream americano, seja nos estilos experimentais do gênero PC Music ou no sucesso global de grupos femininos perfeitamente coreografados e bandas masculinas do K-pop. Ainda assim, para o ouvinte comum, o álbum mais recente de Ariana Grande, “Thank u, next” (de 2019), representou a atualização de maior perfil já feita no pop “millennial”.

No atrevido single “Break up with your girlfriend, I’m bored”, a cantora dá uma repaginada no refrão de “Makes me ill”, do N’Sync, agora com um palavrão que as rádios não estavam preparadas para difundir 20 anos atrás. O enorme sucesso de “Thank u, next” evoca também a aparente leveza do pop millennial — no videoclipe, a cantora faz cosplay de personagens de alguns dos filmes adolescentes mais amados de sua época, como “Meninas malvadas” (2004).
 

Justin Timberlake, ex-N’ Sync, não participou do show de Ariana no Coachella, mas fez uma parceria com o ícone millennial SZA em “The other side”, da trilha sonora de “Trolls 2” (2020). Filmado com uma lente “olho de peixe”, que aumenta as proporções em cena, o clipe realça uma extravagância retrô-futurista num cenário que remete a uma nave espacial, com SZA usando figurinos brilhantes parecidos com os de Britney Spears em “Toxic”. 

Um mês antes, a nova estrela do R&B Summer Walker lançou "Come thru", um single sensual que reedita o clássico de 1997 de Usher, "You make me wanna ...", e apresenta o próprio Usher como amante de vídeos musicais de Walker. Envelhecer um galã parece ser a tendência mais quente da temporada!
 
Mas nenhum videoclipe conjurou o pop da virada do milênio tão bem quanto “Motivation”, de Normani, que presta homenagem direta a Britney, Jennifer Lopez e Beyoncé no início da carreira solo. Charli XCX e Troye Sivan prestaram seu tributo com “1999”, sua ode aos dias de glória do pop. O vídeo hilário tem mais paródias sobre o final dos anos 90 do que “All the small things”, do Blink-182.
 
Pode parecer surreal cultivar nostalgia por uma época que parece ter acontecido há tão pouco tempo. Mas se determinada estética se torna mais fácil de identificar em retrospectiva, também sobressai mais claramente o que perdeu a validade. O bug do ano 2000 nunca veio e não precisamos nos isolar em bunkers — foi preciso esperar duas décadas para que uma pandemia fizesse isso. Mas dois imprevistos desfizeram o ar utópico da indústria da música na época: a ascensão do compartilhamento de arquivos e o choque com os atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos. De repente, o futuro não parecia tão brilhante.

Mas a música pop do momento atual permanece um sonho glorioso, extravagantemente orçado, com tons de neon. Enquanto a internet se consolida como ferramenta para revisitarmos, de maneira mais fácil do que nunca, o passado pelo qual ansiamos, o pop do milênio segue provocando um fascínio escapista. Nos comentários do clipe “I’m reall”, de Jennifer Lopez, no YouTube, um fã escreveu, melancólico: “Vim aqui pelos anos 90 e início dos anos 2000”.


Escreva seu comentário

Busca


Leitores on-line

Carregando

Arquivos


Colunistas e assuntos


Parceiros