Cena icônica do massacre de Flagstone: cinco pistoleiros e uma criança apavorada
No dia 21 de dezembro de 1968, portanto, há exatos 53 anos, estreava nos cinemas italianos aquele que viria a ser consagrado pela crítica especializada e pelos aficionados do gênero western spaghettii do mundo como o maior clássico da história do faroeste de todos os tempos, o atemporal ERA UMA VEZ NO OESTE, do genial diretor SERGIO LEONE, acompanhado da trilha sonora operística do gênio de ENNIO MORRICONE, que abalou as estruturas do faroeste tradicional americano, que há muito vinha em decadência, encharcado, estrangulado.
Dirigido pelo virtuose filho de Vincenzo Leone, a história de ERA UMA VEZ NO OESTE é centrada na vida westerniana de quatro protagonistas principais: a ex prostituta de Nova Orleans, Jill MacBain, interpretada pela exuberante Claudia Cardinale, o bandido cômico Cheuenne (Jason Robards), o sanguinário pistoleiro de aluguel Frank (Henry Fonda, numa interpretação magistral) e o misterioso homem da gaita, personificado de harmônica, (Charles Bronson).
É o primeiro filme da magna trilogia de “Era uma Vez”… de Sergio Leone; o segundo foi “Giu’ La Testa” “Quando Explode a Vingança -1971”; e o terceiro, “Once Upon a Time in America”, “Era Uma Vez Na América” –1984. As filmagens externas foram realizadas no Monument Valley, Arizona, nos Estados Unidos, locação costumeira do lendário diretor John Ford, em Utah, na Andaluzia e no deserto de Almeria, na Espanha.
ERA UMA VEZ NO OESTE é um western spaghettii revolucionário, à frente do seu tempo, com uma linguagem e uma temática memoráveis do faroeste moderno, rompendo com toda tradição hollywoodiana, onde mocinhos e bandidos glamourizaram o velho oeste com indumentárias engomadas, chapéus de cowboy country e botas extravagantes.
Sergio Leone representou para o western spagettiii o que Pelé representou para o futebol mundial: jogadas e dribles memoráveis, antológicos, inesquecíveis, inimitáveis; o que Charlie Chaplin representou para o cinema mudo americano: obras-primas como: The Kid (1921); Tempos Modernos (1936); O Grande Ditador (1940), dentre outros clássicos. O que Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, representou para o forró: criando-o, recriando-o, universalizando-o a partir de Exu, uma cidadezinha perdida no polígono da seca.
ERA UMA VEZ NO OESTE é tão magno que exímios diretores da Sétima Arte até hoje lhe fazem referências, prestam-lhe tributos, ora encaixando uma ou mais cenas em determinados filmes autorais para prestigiar aquelas determinadas passagens, ora se inspirando no western spaghettiii para criarem suas próprias obras, como é o caso dos cineastas Sam Raimi, “Rápida e Mortal”-(1995); Sam Peckinpah, “Meu Ódio Será Sua Herança” (1969) e outros do diretor; Gore Verbinski “Piratas do Caribe: No Fim do Mundo” (2007), o terceiro filme da franquia; “Rango” (2011), faroeste de desenho animado do mesmo diretor; Quentin Tarantino, “Os Oitos Odiados”-(2015) e “Django Livre”-(2012).
O que mais valida o patamar que Sergio Leone alcançou até hoje na história do western spaghettii é o fato de se saber que ele serviu de inspiração para os já mencionados diretores, Peckinpah e Tarantino, influenciou Stanley Kubrick a fazer Laranja Mecânica e ensinou, indiretamente, Martin Scorsese e John Miller, e sendo referência para centenas de diretores neófitos do mundo inteiro até hoje.