1. Elimine os ecos. A rima é qualidade da poesia. Mas defeito na prosa. Pra descobrir os sons mesmeiros, leia o texto em voz alta. Eles incomodam o ouvido. Veja exemplos:
Mau: Há anos em que a reunião no pavilhão da Bienal é mensal.
Melhor: Há anos em que ocorrem reuniões mensais no pavilhão da Bienal.
Mau: O crescimento sem desenvolvimento pode implicar incremento do subdesenvolvimento.
Melhor: Crescer sem preocupação com o desenvolvimento pode implicar mais atraso.
2. Acabe com as fileirinhas de dês. Termos ligados por um trenzinho de dês contituem armadilha no caminho do leitor. De um lado, pecam pela abstração. De outro, pela dificuldade de serem entendidos. Vale tudo pra fugir da esparrela. A melhor estratégia: transformar substantivos e adjetivos em verbos. Assim:
Mau: O progresso dos estudantes de instituições de ensino do governo é lento.
Melhor: Os estudantes de escolas públicas progridem lentamente.
3. Livre-se de quês. Sem apegos ou compaixão, conjugue os verbos caçar e cassar. Encontre os mesmeiros e passe a tesoura sem pena! Ah, coisa boa!
Mau: O governador afirmou que Brasília, que é a capital do Brasil, deve servir de exemplo do que o país tem de melhor no que se refere ao serviço público.
Melhor: O governador afirmou que Brasília, a capital do Brasil, deve ser exemplo da excelência nacional no tocante ao serviço público.
Também: O governador disse: “Brasília, a capital do Brasil, deve ser exemplo de excelência nacional no tocante ao serviço público”.
Idem: Sabe o que disse o governador? “Brasília, a capital do Brasil, deve ser exemplo de excelência nacional no tocante ao serviço público”.
4. Fuja da repetição de palavras. Não dê atestado de descuido ou pobreza vocabular. Persiga a mesmeira sem piedade. Use as armas que a língua lhe oferece. São três. Uma: suprimir o vocábulo. Outra: substituí-lo por sinônimo. Mais uma: dar outro torneio da frase.
Espero terminar o curso de direito em quatro anos. Não vou perder tempo. Em seguida, vou partir para um curso de pós-graduação.
Fácil, não? O leitor não merece a dose dupla do substantivo curso. Xô, monotonia! Vem, tesoura: Espero terminar o curso de direito em quatro anos. Não quero perder tempo. Em seguida, vou partir para a pós-graduação.
Trabalho porque pago minhas contas com o fruto do meu trabalho.
Melhor: Trabalho porque pago minhas contas com o suor do meu rosto.
Também: Trabalho porque preciso pagar as contas.
Idem: Por que trabalho? Só conto com o salário pra pagar as contas.