16 de outubro de 2019 | 03h00
O presidente Jair Bolsonaro se encaminha para o final de seu primeiro ano de mandato. O balanço entre os erros e os acertos de seu governo nesse período inicial resultou, até o momento, na deterioração da confiança na capacidade do presidente de liderar o País.
Em agosto, convém lembrar, 40% dos brasileiros ouvidos pelo instituto Datafolha classificaram o governo de Jair Bolsonaro como “ruim” ou “péssimo”. Para dar uma ideia da dimensão negativa desse resultado, basta dizer que ele foi maior do que a soma da reprovação dos presidentes Fernando Henrique Cardoso (15%), Lula da Silva (10%) e Dilma Rousseff (11%) no mesmo período, ou seja, aos oito meses de mandato.
O resultado pode parecer ruim para o governo, afinal os otimistas quanto ao seu bom termo correspondem a menos da metade da população. Mas este número é ligeiramente maior do que o apurado no mês passado pelas mesmas instituições (43%). Além disso, houve pequena redução no número de pessimistas, que caiu de 33% no mês passado para 31% agora.
A pesquisa XP/Ipespe mostrou que também houve uma oscilação positiva na avaliação do governo. Uma oscilação pequena, é verdade, mas que ao menos indica uma interrupção no processo de deterioração da confiança na capacidade administrativa de Jair Bolsonaro observado até aqui. Os entrevistados que consideram o governo “bom” ou “ótimo” subiram de 30% para 33% em relação a setembro. Já a desaprovação do presidente Jair Bolsonaro recuou de 41% para 38% no mesmo período.
Evidente que não se pode desconsiderar que as variações sejam meras oscilações dentro da margem de erro da pesquisa (3,2%). De qualquer forma, é possível enxergar esses números com olhos e corações abertos. Tanto melhor para o País se assim forem recebidos, sobretudo pelo maior interessado, o presidente Jair Bolsonaro.
A sociedade está dizendo – é o que a pesquisa XP/Ipespe sugere – que ainda nutre esperança de que Jair Bolsonaro possa deixar a Presidência da República em janeiro de 2023 legando a seu sucessor um país melhor do que o que encontrou. Se o presidente tiver a capacidade de compreender que não governa para um nicho de eleitores mais extremados, e sim para todos os brasileiros, deixando de ser um dos principais agentes do dissenso para se tornar o artífice da conciliação, não será difícil chegar ao bom termo almejado por 46% dos ouvidos pela XP/Ipespe.
É legítimo que o ocupante de um cargo eletivo se preocupe com questões de natureza político-eleitorais. Um dos maiores problemas que o País vem enfrentando nos últimos anos é justamente a desqualificação da atividade política e de tudo a ela atinente. Mas de um governante se espera o justo equilíbrio entre as ações de Estado, de governo e as de fim eleitoral. Um mandatário irá exercer bem o poder delegado pela sociedade quando, com habilidade e espírito público, dosar suas ações e palavras.
Há tempo para o presidente Jair Bolsonaro rever seus erros e os de sua equipe. Há tempo para correção de rumos. Há, principalmente, a esperança de uma parcela significativa do povo brasileiro de que assim ele o fará. A evolução positiva revelada pela nova pesquisa XP/Ipespe é tênue, vale dizer, pode tanto representar o início da reversão da impopularidade do presidente como um mero suspiro de afogado. Cabe a Jair Bolsonaro, e somente a ele, apontar o rumo.