Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo terça, 31 de março de 2020

ENTREGADORES: ANJOS DO ASFALTO

 

Anjos do asfalto: Entregadores cruzam a cidade para levar de remédio a comida a quem pode ficar em casa

 

O aumento da demanda vem acompanhado do crescente cuidado que estes profissionais têm para que as encomendas cheguem ao destino com rapidez e em perfeitas condições de higiene
 
Fernanda Honorata faz entregas de moto Foto: Pedro Teixeira / Agência O Globo
Fernanda Honorata faz entregas de moto Foto: Pedro Teixeira / Agência O Globo
 
 

RIO - Eles parecem ter se multiplicado nas últimas semanas. A pé, de bicicleta ou de moto, estão sempre prontos para cumprir a próxima missão. Em tempos de quarentena, os entregadores ocupam as ruas com a heroica tarefa de garantir a chegada de comida, remédios e outros itens essenciais às casas daqueles que podem cumprir a recomendação de isolamento social feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para frear o contágio pelo novo coronavírus.

Técnica em segurança do trabalho, Fernanda Honorata, de 33 anos, ficou desempregada há um ano e passou a fazer entregas. Para se prevenir, além de sempre usar álcool gel, ela tira a roupa do trabalho no quintal e toma banho antes de entrar em casa:

— Meu maior medo é levar esse vírus para casa. Meu filho tem bronquite, e minha mãe está com 80 anos. Fiquei uma semana em casa, mas já estava sem dinheiro até para o pão.

Alon Jones da Silva, durante entrega de app pelo Largo do Machado Foto: Pedro Teixeira / Agência O Globo
Alon Jones da Silva, durante entrega de app pelo Largo do Machado Foto: Pedro Teixeira / Agência O Globo

Morador de Ricardo de Albuquerque, Rian Pereira, de 25 anos, só sai de casa porque precisa trabalhar e lamenta por ver pessoas desrespeitando a recomendação de isolamento social mesmo sem necessidade:

— Crianças na rua brincando, pessoal no bar... Tenho medo de pegar essa doença na rua e passar para os meus pais. Para falar a verdade, já não sei mais se tenho mais medo de ficar doente ou desempregado.

Depois de quatro meses desempregado, Alon Jones, de 40 anos, finalmente conseguiu uma vaga como garçom em um restaurante no Leblon. Mas as medidas de combate à Covid-19 adiaram a contratação, e ele recorreu às entregas por aplicativo para sobreviver:

— Estou fazendo isso por necessidade. Eu fico exposto, e é perigoso ficar andando de bicicleta o dia inteiro, mas é o que tem — lamenta o futuro garçom.

Como entregador de um mercado, Paulo Roberto Bernardes, de 21 anos, tem trabalhado de máscara e luvas por determinação da chefia do estabelecimento, e se sente mais seguro assim. Mas a precaução, às vezes, assusta alguns clientes:

— A gente não tem escolha. Faço muitas entregas aqui em Copacabana e no Leme. Não sabemos quem está doente, e também preciso me prevenir. É arriscado.

E no meio dessa correria, um remédio ajuda a aliviar a pressão dos “anjos do asfalto” e não tem contraindicação: a solidariedade. “Vai dar tudo certo”. A frase otimista estava na mensagem de agradecimento que um entregador enviou em retribuição ao gesto que a socióloga Tatiana Ruediger, de 30 anos, teve no último domingo. Após ver iniciativa semelhante numa rede social, a moradora de Laranjeiras, na Zona Sul, fez um pedido num mercado, através de uma plataforma de delivery, com um valor aberto, de R$ 50 a R$ 100. Em seguida, avisou ao entregador que ele deveria usar aquele valor para algo que precisasse, como alimento ou item de higiene.

— A gente reclama de estar em casa, mas temos tudo, todo o conforto. Fiquei muito preocupada com essas pessoas que estão se expondo aos riscos por necessidade. Deveria haver legislação para lidar com essa situação, mas já que as coisas demoram tanto no Brasil, não dá para esperar. Estamos em um momento de dividir o bolo — defende Tatiana.

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