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Inicialmente, Rosilaine foi diagnosticada com dengue. No HUB, veio a confirmação para o novo coronavírus
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Em meio a lutas diárias contra a covid-19, ontem, a cena na porta do Hospital Universitário de Brasília (HUB) era de agradecimento. Com aplausos, balões, faixas e música, a corretora de imóveis Rosilaine Bueno, 28 anos, deixou a unidade hospitalar após vencer o novo coronavírus. Se as máscaras de proteção tapavam o sorriso, as lágrimas e o olhar não escondiam a alegria nos olhos das pessoas presentes. A mulher foi recebida por parentes, que saíram de Luziânia (GO), para o reencontro. O pai, emocionado, ajoelhou-se ao ver a filha ganhar alta.
Rosilaine foi a primeira paciente a sair da unidade de terapia intensiva (UTI) do HUB, após 13 dias internada na unidade. “Eu achei que não fosse sair. Tive três paradas cardíacas e voltei”, conta. Rosilane foi recebida na porta do hospital pelo pai, pela mãe e pela filha, entre outros parentes. Pessoas com as quais não mantinha contato desde o primeiro dia de internação. Para ela, o que a manteve firme foi a fé e o apoio dos profissionais da saúde. “A equipe médica é muito boa, eles supriram isso. Eu senti muita falta da minha família”, destacou.
A corretora de imóveis não tem comorbidades e afirma não saber onde contraiu o vírus. Ela foi diagnosticada com dengue e logo começou a sentir os sintomas da covid-19. Ao procurar o Hospital Regional do Gama, em 14 de maio, Rosilaine passou a ser um caso suspeito da doença, mas com a piora do quadro foi transferida, no dia seguinte, para o HUB, onde foi confirmada a infecção pelo novo coronavírus. No hospital universitário, a corretora chegou em estado grave e precisou ser entubada. Rosilane passou 10 dias respirando por ajuda de ventilador mecânico.
Durante o período de internação, a família era diariamente atualizada sobre o estado de saúde da filha por uma psicóloga do hospital. Emocionada, a mãe lembra os dias de angústia. “Foi um medo muito grande, medo de perda”, recorda a educadora Gerlane Bueno, 45. “Ficamos muito ansiosos, mas conversava com ela nas minha orações. Dia após dia, Deus nos fortaleceu”, completou a educadora. O pai também destaca os momentos de nervosismo que, ontem, abriram espaço para a alegria. “É um sentimento de alívio e vitória. Passamos por dias difíceis. É algo que eu não desejo para ninguém”, ressalta o empresário Gilson José Bueno, 54. A saída da filha do hospital ocorreu um dia antes do aniversário dele. “É o maior presente do mundo, ter a minha filha renascida”, comemorou.
No carro, a família, emocionada, deixou o hospital sob aplausos. Rosilaine vai continuar sendo acompanhada pelos médicos e está com consulta ambulatorial agendada. A mulher também foi orientada a ficar em casa nos próximos dias e seguir as medidas indicadas para a população, como o isolamento social e a higienização. “Agora vou me atualizar, ver como estão as coisas, me isolar e seguir a vida”, destacou.
Gratidão
A emoção contagiou parte do hospital, que parou para ver Rosilaine sair da internação. Também com os olhos cheio de lágrimas, a equipe médica foi fortemente aplaudida. Entre as homenagens, um cartaz da família estampava a gratidão deles pela equipe. A mãe de Rosilaine destacou a importância dos médicos, enfermeiros e técnicos, não só no tratamento da filha, como no combate à covid-19. “Quero agradecer a todos os profissionais da saúde pela dedicação e pelo esforço. Eles também estavam na nossas orações”, ressaltou.
A chefe do pronto-socorro Álida Santo fez questão de agradecer aos 110 integrantes da equipe que lutam diariamente contra a doença. Para ela, ver a primeira paciente a deixar a UTI proporciona um misto de emoções. “É um sentimento de alegria, de vitória, mas ainda tem muita coisa para fazer. Essa situação pode durar muito tempo”, diz. Sobre o carinho da família, ela destaca: “É o nosso conforto e o que nos ajuda a não desistir".