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Do DF, pôde-se ver apenas 8,7% da superfície do Sol coberta pela Lua
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Mesmo com as incertezas que marcam este ano, o céu prepara boas surpresas, passíveis de contemplação em todo o Brasil. Só neste mês, três eventos astronômicos entraram na programação. Após o ápice da chuva de meteoros Geminídeas, no domingo, os brasilienses acompanharam, ontem, um eclipse solar parcial. No Distrito Federal, foi possível observar a Lua cobrir 8,5% da superfície Sol. No dia 21, vale separar binóculos e telescópios novamente, para ver o ápice da conjunção dos planetas Júpiter e Saturno.
O servidor público Marcelo Domingues, 49 anos, é estudioso amador do assunto e perdeu as contas de quantas vezes viajou para outras cidades do Brasil e para diversos países apenas para contemplar o céu. Além disso, ele visitou a Noruega, em 2015, para presenciar a aurora boreal. “Ontem, era para eu ter visto o eclipse total do Sol, na Argentina. É o fenômeno mais legal. Mas não consegui ir por causa da pandemia”, conta.
Para o Chile, Marcelo viajou quase 10 vezes desde 2005. Também passou pelo país em dois momentos, acompanhado de integrantes do Clube de Astronomia de Brasília (CAsB), do qual faz parte desde 2002. “Para mim, o céu de lá (do Chile) é o melhor. Todas as viagens se tornam oportunidade para conhecer pessoas do mundo inteiro que se interessam pelo tema. Conheci lugares incríveis”, comenta o astrônomo amador.
O militar Natan Fontes, 59, considera que o eclipse de ontem fechou um ano “desafiador”, após todos os problemas provocados pela pandemia da covid-19. “(O fenômeno) trouxe, realmente, um significado de esperança para 2021. Foi bastante especial vivenciar esse momento, ainda mais com o meu filho. Passamos esses minutos em um condomínio perto da casa dele. E, após montarmos os equipamentos, fotografamos juntos. É sempre um episódio muito bonito, que vale a pena ser apreciado”, ressalta.
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Entusiastas e astrônomos amadores ou profissionais, como Paulo Eduardo, testemunharam o eclipse de ontem
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Momento raro
O eclipse solar pôde ser observado parcialmente em algumas regiões brasileiras, das 12h às 15h. O fenômeno ocorreu de forma total em algumas cidades do Chile e da Argentina. Embora a grande concentração de nuvens desfavorecesse a contemplação, vários brasileiros, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, admiraram o evento. O estudante Estevão França, 20, morador de Florianópolis (SC), é apaixonado por fenômenos astronômicos e, neste ano, finalmente conseguiu presenciar o acontecimento. “Comprei um vidro de solda, que é o ideal para a observação a olho nu, e torci para que as nuvens não atrapalhassem. As nuvens atrapalharam um pouco, mas, no fim, deu tudo certo”, comemora.
Para os que não conseguiram assistir ao eclipse, a Nasa (agência espacial dos Estados Unidos) disponibilizou uma transmissão em tempo real, para todo o mundo. A escuridão total dura cerca de dois minutos, geralmente. Gustavo Roja, astrofísico da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), explica esses fenômenos ocorrem porque a Lua orbita a Terra e, de vez em quando, fica exatamente na frente do Sol. Ele acrescenta que não há um intervalo de tempo preciso para ocorrência dos eventos. “Eles não são raros de acontecer. Ocorrem duas vezes por ano, mas, pelo fato de serem visíveis apenas por uma faixa do planeta, isso acaba gerando grande interesse”, afirma.
Calendário
Chuva de meteoros, eclipses solares e lunares, conjunções de planetas e a superlua são alguns dos principais fenômenos acompanhados por entusiastas e estudiosos da área. “Popularmente conhecida como ‘estrela cadente’, a chuva de meteoros chamada Geminídeas ocorre todos os anos. Uma grande quantidade de resto de cometa pode ser vista no céu”, explica o físico e astrônomo Paulo Eduardo de Brito, professor da Universidade de Brasília (UnB). “A chuva de meteoros recebe esse nome porque todos os meteoros parecem sair da Constelação de Gêmeos, e os restos de cometa que entram na atmosfera da Terra são queimados. (Isso) é mais visível em ambientes escuros, como zonas rurais. O pico da última ocorreu na noite de domingo. Talvez, dure mais três dias”, acrescenta.
Outro acontecimento celeste, marcado para 21 de dezembro, é o encontro dos dois maiores planetas do Sistema Solar: Júpiter e Saturno. O fenômeno é raro, segundo o especialista. “Ocorre a cada 20 anos. Júpiter leva quase 12 anos para dar uma volta em torno do Sol, e Saturno, 28. Eles vão ficar bem próximos”, comenta. Nesta semana, é possível acompanhá-los, perto do ponto em que o Sol se põe, a Oeste. Júpiter será o ponto mais brilhante.
*Estagiária sob supervisão de Jéssica Eufrásio
Programe-se
Datas dos próximos fenômenos astronômicos no Brasil:
Encontro da Lua com Júpiter e Saturno
Quarta e quinta-feira, logo após o pôr do sol
Conjunção de Júpiter com Saturno
Na próxima segunda-feira
Solstício de dezembro/de verão
Na próxima segunda-feira
Eclipse lunar penumbral
26 de maio de 2021
Eclipse lunar parcial
19 de novembro de 2021