Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense sábado, 09 de novembro de 2019

ELLEN OLÉRIA: A FORÇA ANCESTRAL

 

A  força ancestral
 
Cantora e atriz Ellen Oléria busca no passado e nas ações coletivas o motor para a luta pela igualdade e visibilidade social

 

» Vinicius Nader

Publicação: 09/11/2019 04:00

 

"O fato de eu ser negra é o que me possibilita cantar o que eu canto, experienciar a arte da forma que eu experiencio" Ellen Oléria, cantora

 

 
“É muito importante a gente cantar a nossa gente, cantar o nosso lugar, o nosso cerrado que luta bravamente para se manter vivo, como nós”. O paralelo entre a luta do movimento negro e o bioma é da cantora e atriz Ellen Oléria,  que despontou de Ceilândia para todo o país ao vencer a primeira temporada do reality show The Voice Brasil.
 
Ela não dissocia a luta contra o racismo do reconhecimento de nossas origens, enquanto brasileiros e cidadãos. “O novembro negro nos chama para isso. É tempo de revisar, pensar, construir novas estratégias se forem necessárias”, afirma. “A gente não é só a cor da pele, temos memória celular de coisas muito mais complexas. O modo com que lidamos com o mundo está presente na forma como o meu corpo reage aos estímulos que recebe. Artistas brancas, pessoas brancas também vivenciam essa memória. É muito complexo num país que tem uma herança patriarcal e racista a gente saber que nosso corpo carrega também essa dimensão ancestral”, completa.
 
Ellen aponta que, mesmo que abolida há mais de um século, a escravidão brasileira ainda traz ecos na sociedade atual. “É muito importante a gente saber de onde a gente veio: um país escravocrata que ainda traz em suas instituições marcas dessa história, dessa prática em que o corpo negro ainda vale menos em relação a posses, serviços, empregos. O Brasil tem uma discrepância (social) muito grande. Não dá para dizer que a gente é um país igualitário, nem um continente e nem um mundo”, reflete a cantora.
 
A necessária reparação social é, para Ellen, um processo contínuo, cujo resultado “a gente vê a longo e médio prazos. As cotas sociais são um exemplo: a ideia é que elas não existam para sempre, é que as cotas minimizem e façam uma reparação imediata de uma história longa e brutal. É, por exemplo, você chegar a um hospital, ser atendido por uma médica negra e isso não ser uma grande surpresa para você, mas ser algo comum.”
 
É essa visão de que falta à sociedade brasileira a inserção do negro. E ela (a inserção) vem com trabalho de formiguinha, com passos para frente e para trás, mas sempre apoiado na coletividade. “Exatamente quando o Estado não consegue atender todas as demandas de uma maneira diversa, a força, o poder coletivo se movimenta, se agrupando e pensando estratégias coletivamente. Eu acredito muito nessa movimentação coletiva e acho que ela só existe porque as pessoas se movimentam individualmente também”, explica Ellen.

No comando do programa Estação plural (TV Brasil/Divulgação - 20/1/16 )  

No comando do programa Estação plural

 



Ellen canta na final do The Voice Brasil (TV Globo/Divulgação - 25/12/14 )  

Ellen canta na final do The Voice Brasil

 

 
A força do afeto
 
Além de cantora, compositora e atriz Ellen Oléria é apresentadora e esteve à frente do programa do Canal Brasil Estação plural, no qual discutia questões ligadas à diversidade, seja ela racial, seja de qualquer outro tipo.
 
“Eu acredito na força do afeto, na conexão entre as pessoas. Foi por meio desses espaços que tive a oportunidade apresentar o Estação plural. A minha ideia é ir me edificando com as pessoas que estão ao meu redor, com os universos em que eu habito. A ideia foi justamente falarmos das diferenças, de como elas podem nos enriquecer. Acho que isso que eu tenho de fazer nos lugares que ocupo”, afirma.
 
Com toda a luta e muitas derrotas impostas ao negro, Ellen Oléria encontra espaço para o otimismo quando olha para o futuro. “Eu sou esperançosa, tenho muita fé. As novas gerações estão trazendo pra gente outras perspectivas de vida, muito mais abertas ao diálogo”, opina Ellen. A cantora reafirma que se sente ainda mais confortável quando compara a atitude de pais com relação à educação dos filhos de gerações anteriores para a de agora. O momento, segundo a cantora, é de dividir a tarefa da educação com a escola e não deixar nas mãos dos educadores.
 
“Vejo mais mães tomando a responsabilidade de criar os filhos para si, não deixando com o Estado. Todo mundo que está perto de uma criança é responsável por ela de alguma maneira. As crianças estão muito atentas ao que está acontecendo o tempo inteiro e estão aprendendo. O mais natural é a criança reproduzir modelos. Quanto mais bons exemplos a criança tiver por perto, mais possibilidade de perceber o mundo ela vai ter. A gente, independentemente de ter relação direta com a escola, é responsável pelas crianças ao nosso redor”, explica.
 
Cria de Ceilândia
 
Durante a trajetória artística, Ellen também não esquece da própria origem. Antes de ser conhecida país inteiro, ao ser a primeira vencedora do The Voice Brasil, gravar cinco discos e ter músicas em trilha de novelas, Ellen era conhecida dos palcos e das feiras culturais da capital federal.
 
Foram vários os shows em que espaços como a Funarte ou o Bistrô Bom Demais, no CCBB, receberam a voz potente e a poesia contundente da cantora Ellen. O lado atriz teve vazão sob a direção de mestres como Hugo Rodas. “Estamos conversando com Brasília fortemente, levo o nome da cidade no peito”, afirma Ellen, que está em estúdio gravando um disco que vai dialogar fortemente com a capital federal.


TRECHOS DE MÚSICAS

Antiga poesia
“A planta é feminina, a luta é feminina
La mar, la sangre y mi América Latina
O meu desejo é que o seu desejo não me defina
A minha história é outra
Tô rebobinando a fita“

Senzala (A feira de Ceilândia)
‘Mas o que você precisa mais na feira não se pode encontrar:
Razão, consciência, senso, inteligência, uma cabeça pra pensar“
 
Jornal Impresso
 

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