24 de setembro de 2021 | 05h00
Duas semanas após o último compromisso da seleção brasileira, o técnico Tite anuncia nesta sexta-feira, dia 24, os convocados para os jogos contra Venezuela, Colômbia e Uruguai pela rodada tripla das Eliminatórias da Copa do Mundo. Ainda sem saber se vai poder contar com jogadores que atuam no futebol inglês, o treinador deve se precaver e divulgar, às 11h (horário de Brasília), uma lista bastante inchada. Ao todo, 40 jogadores serão chamados, evitando eventuais desfalques de atletas que jogam na Premier League.
O vasto número de atletas elaborado por Tite não é por menos. Poucos dias antes do início da última Data Fifa, o técnico foi obrigado a convocar outros nove jogadores após as equipes inglesas se recusarem a ceder seus atletas para a disputa em países sul-americanos. Isso porque o Reino Unido incluiu o Brasil em uma "lista vermelha", composta por ser país com alto índice de contaminação por covid-19. Assim, pessoas que chegam do país sul-americano ao solo britânico precisam entrar em quarentena de dez dias. Com isso, os jogadores teriam que ficar afastados de treinos no retorno à Inglaterra e desfalcariam os times por jogos seguidos. Por sua vez, o meia Claudinho e o atacante Malcom, ambos do Zenit, da Rússia, receberam um comunicado do clube solicitando retorno imediato, também por motivos sanitários.
Apesar de se resguardar, existe a expectativa de que a seleção possa contar com todos os nomes convocados por Tite. Nesta quarta-feira, 22, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, se encontrou pessoalmente com o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, para tratar pessoalmente do assunto. A entidade tenta costurar um acordo com o governo britânico para que se abra uma exceção aos atletas que retornarem da América do Sul, sem a necessidade da quarentena obrigatória de dez dias. Uma das ideias colocadas à mesa é o isolamento dos jogadores em bolhas dentro dos próprios clubes, por apenas cinco dias. O exame de PCR para detectar covid-19 também seria necessário.
Na sexta-feira, dia 17, a CBF entrou com um pedido de excepcionalidade de quarentena aos jogadores vindos da Inglaterra. A entidade solicitou um regime especial de bolha e se comprometeu a monitorar e restringir a circulação destes atletas. Na última convocação, os jogadores chamados que atuam na Premier league foram os goleiros Alisson (Liverpool) e Ederson (Manchester City); o zagueiro Thiago Silva (Chelsea); os volantes Fabinho (Liverpool), Fred (Manchester United), e os atacantes Roberto Firmino (Liverpool), Raphinha (Leeds United), Gabriel Jesus (Manchester City) e Richarlison (Everton).
Apesar de não influenciar nos resultados da seleção brasileira, o veto dos clubes ingleses impactou no desempenho da equipe dentro de campo. A queda de rendimento foi observada principalmente no duelo diante do Chile, em Santiago, vencido por 1 a 0 com gol de Everton Ribeiro. Para repor a ausência dos jogadores barrados, Tite chamou os goleiros Everson (Atlético-MG) e Santos (Athletico-PR); o zagueiro Miranda (São Paulo); os volantes Edenilson (Internacional) e Gerson (Olympique de Marselha-FRA); o meia Matheus Nunes (Sporting-POR); e os atacantes Hulk (Atlético-MG), Malcom (Zenit-RUS) e Vinicius Junior (Real Madrid-ESP).
Para o confronto contra a Venezuela, no dia 7 de outubro, Tite não vai poder contar com Neymar, suspenso pelo segundo cartão amarelo, mas terá o importante retorno do zagueiro Marquinhos, que ficou fora na vitória por 2 a 0 sobre o Peru. Éder Militão, Bruno Guimarães e Gerson são os únicos pendurados. Tratando uma lesão no joelho, Richarlison é dúvida para o confronto. Com poucas chances no Liverpool, Roberto Firmino deve seguir dando lugar para Gabriel Barbosa.
Com 24 pontos e 100% de aproveitamento nas Eliminatórias, a seleção brasileira pode se classificar para a Copa do Mundo já nesta rodada tripla, se tornando a primeira a garantir presença no Mundial do Catar, além dos anfitriões. Caso mantenha a sequência invicta, vencendo os três jogos, o Brasil chegaria aos 33 pontos. Para carimbar o passaporte ao país árabe, precisa torcer para o Paraguai, primeira equipe fora da zona de classificação, perder dois de seus confrontos — Argentina, Chile e Bolívia —, e o Peru sofrer ao menos um revés.
O Brasil enfrenta a Venezuela no dia 7 de outubro, em Caracas, pela 11ª rodada das Eliminatórias sul-americanas. Em seguida, segue em viagem para encarar a Colômbia no dia 10, também fora de casa, em Barranquilla, em jogo atrasado da quinta rodada. A seleção encerra a rodada tripla contra o Uruguai, na Arena Amazônia, em Manaus, no dia 14.
Enquanto a Fifa se movimenta para garantir a liberação dos atletas “ingleses” para a disputa das Eliminatórias na América do Sul, a entidade ainda não decidiu qual será o futuro do confronto entre Brasil x Argentina, suspenso após a Anvisa e a Polícia Federal entrarem em campo para cumprir medidas sanitárias. No dia 13 deste mês, a CBF enviou sua defesa para o Comitê Disciplinar da entidade máxima do futebol, que abriu um procedimento para investigar o caso.
Por meio de registros de reuniões, a confederação brasileira alega que fez sua parte como mandante da partida e alertou os argentinos sobre os protocolos vigentes no País. A Fifa enquadrou o caso no artigo 14 do seu Código Disciplinar, que trata de jogos abandonados ou que não foram concluídos. O item prevê como punição mínima uma multa de 10 mil francos suíços (R$ 57 mil). Uma nova data pode ser marcada para a continuação da partida, ou o confronto pode ser simplesmente cancelado, com derrota para ambas as equipes.
O duelo entre brasileiros e argentinos, pela sexta rodada das Eliminatórias, foi suspenso cinco minutos após o apito inicial na Neo Química Arena, no dia 5 de setembro. Agentes da Anvisa e da PF detectaram a violação de protocolo pelos jogadores Emiliano Martínez, Cristian Romero, Giovani Lo Celso e Emiliano Buendía. Os quatro atuam na Inglaterra e teriam de passar 14 dias em isolamento.