Dando uma pequena volta pelo mundo da infância (a minha) vou focar hoje, umas traquinagens que me renderam boas sovas e muitos castigos com a cara voltada para o canto da parede.
Toda criança “levada” passou por isso. Quem não passou, com certeza virou vítima de “bullying”, o rótulo afrescalhado do americano.
Chulipa – era mais gostoso ainda, “dar uma chulipa”, passando saliva no dedo e melando da areia, e dando aquele catiripapo vertical na orelha de alguém.
Tirar o selo – geralmente, quem fazia isso, fazia a cada mês. Era comum o corte de cabelo “estilo busca-ré”, onde, metade do quengo era raspado com máquina graduada a zero. Ficava liso, igual bunda de recém-nascido. Dar uma leve pancada, significava “tirar o selo.”
Criança de castigo por desobediência
Pois, hoje, me vieram à lembrança, dois castigos que tomei na infância. O primeiro, até hoje considero “injusto”.
Sempre que ia “jogar barro fora”, tinha que procurar fazer a necessidade no mato. Não tínhamos local apropriado em casa para fazer a necessidade fisiológica. Papel higiênico, a gente só foi conhecer ao mudar para a capital.
Certa vez “precisei jogar o barro fora”. Senti que as galinhas e alguns porcos sentiam tanta fome, que seriam capazes de enfrentar qualquer guerra. A arma que dispúnhamos era uma vara de aproximadamente 3 metros, com a qual mantínhamos o animal distante, momentaneamente, da “obra”.
A solução era, literalmente, “cagar trepado”. Nisso, a “obra” acabou sujando uns porcos da Vovó. Castigo: levar os suínos para banhar no açude, distante da nossa casa por uns bons quilômetros. E aí, veio a calhar aquele ditado: quem com porcos se mete, farelo come.
O segundo castigo, foi mais que merecido. Meu Avô não gostava de castigar os netos – deixava para a Avó, esse “trabalho”.
Eis que cismei de “botar um musquitim” no meu Avô, enquanto ele dormia o sono dos justos, deitado no chão da varanda.
Criança de castigo na escola
“Musquitim”, na minha terra, era o reuso de um palito de fósforo. Enquanto a pessoa dormia, malandra e lentamente, a gente colocava o “musquitim” apagado na testa do dorminhoco, antes, colocando algum calçado na mão. Toca fogo e espera a reação. Quando o “musquitim” tá pegando fogo, o dorminhoco “dá um tapa” para matar o mosquito.
Foi assim. Quando meu Avô precisou matar o mosquito da nesta, deu com o chinelo no próprio rosto. Eita musquitim fela da puta!
Como criança naquele dia só tinha eu em casa, entrei foi nos tabefes. Depois, o castigo pior: tomar banho depois que apanhava.